Zelensky visita Otan e pede continuidade do apoio militar
Essa foi a primeira visita do presidente desde o início do conflito contra a Rússia
O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, fez, nesta quarta-feira (11), sua primeira visita à Otan desde o início da ofensiva russa contra seu país, e recebeu promessas de que a situação em Israel não vai afetar o fornecimento de armas por parte da Aliança Atlântica.
Na sede da Otan, o secretário de Defesa americano, Lloyd Austin, garantiu que Washington "será capaz de projetar poder e destinar recursos para enfrentar crises em diversos cenários".
"Estaremos firmes junto a Israel, enquanto seguimos apoiando a Ucrânia", acrescentou.
A visita de Zelensky à sede da organização em Bruxelas ocorre em meio a temores de que o ataque do grupo islamita palestino Hamas a Israel pudesse desviar as atenções dos Estados Unidos, principal apoiador militar e financeiro da Ucrânia.
Na terça-feira, em uma entrevista à rádio francesa France 2, o presidente ucraniano expressou preocupação de que o conflito no Oriente Médio desviasse a "atenção internacional" da Ucrânia e isso pudesse ter "consequências".
Zelensky foi recebido na sede da Otan pelo secretário-geral da aliança militar, Jens Stoltenberg, e tinha na agenda participar de uma reunião de ministros da Defesa do bloco.
"Para nós é muito importante sobreviver ao próximo inverno. Estamos nos preparando, estamos prontos agora, precisamos de algum apoio dos líderes. É por isso que estou aqui hoje", disse Zelensky ao chegar.
O presidente ucraniano agradeceu aos ministros da Otan pelo apoio recebido por seu país, mas reforçou que "a defesa antiaérea é uma parte significativa de nossa resposta".
O secretário de Defesa americano tranquilizou Zelensky, afirmando que "estamos aqui para entregar o que for preciso e pelo tempo que for necessário", declarou.
Austin anunciou, ainda, que Washington fornecerá um novo pacote de ajuda militar à Ucrânia no valor de US$ 200 milhões (R$ 1 bilhão, na cotação atual), incluindo munição aérea.
"Estou orgulhoso de que o Estados Unidos anunciem seu mais recente pacote de ajuda para a segurança da Ucrânia", afirmou.
O pacote inclui munição antiaérea, destacou.
Um funcionário do alto escalão dos EUA, que pediu anonimato, declarou a jornalistas que não existem motivos imediatos para alarme, em referência ao apoio à Ucrânia.
"Ainda que tenhamos algumas dificuldades que teremos que tratar com o Congresso, há muito dinheiro para sustentar o ritmo de apoio" aos ucranianos, garantiu a fonte.
Por isso, a visita de Zelensky à Otan "não poderia ocorrer em melhor momento, especialmente se quisermos mostrar a continuidade do apoio à Ucrânia, apesar dos desafios internos dos Estados Unidos".
Os ministros da Defesa da Otan também se reúnem na sede da organização para discutir a entrega de armas à Ucrânia, concentrada em manter sua contraofensiva e em fornecer defesa aérea.
Stoltenberg garantiu a Zelensky que "estaremos ao seu lado para prestar apoio à Ucrânia, porque isto é muito importante para toda a Otan", declarou.
O líder ucraniano também exortou os países-membros desta aliança a expressarem seu apoio ao povo israelense, para mostrar que "eles não estão sozinhos".
"Minha recomendação aos líderes é que vão a Israel para apoiar o povo, apenas o povo. Não me refiro a nenhuma instituição, apenas para apoiar o povo que está sob ataques terroristas", disse ele.
A crise em Israel coincide com esforços em Washington para encontrar uma forma de manter o fluxo de suprimentos militares à Ucrânia, em meio a complexas negociações no Congresso americano.
Desde o início da ofensiva russa, em fevereiro de 2022, a quantidade de armas fornecidas a Kiev pelos Estados Unidos equivale à soma destes esforços por parte de todos os países europeus da Otan e o Canadá juntos.