GUERRA NO ORIENTE MÉDIO

Guerra Israel-Hamas chega a uma semana: resumo do pior ataque do grupo a Israel nos últimos 50 anos

Grupo armado iniciou conflitos entrando em território israelense com trator, carros e motos, arremessaram bombas em bunkers e deram tiros à queima roupa. Divergências ideológicas entre nações também marcam conflito

Palestino carrega criança no colo após ataque de Israel na Faixa de Gaza - Yasser Qudih / AFP

O pior ataque do Hamas a Israel em 50 anos completa uma semana neste sábado (14). No dia 7 de outubro, centenas de homens armados do Hamas romperam barricadas entre Gaza e Israel, correram pela área rural na zona fronteiriça e atiraram à queima roupa contra participantes de um festival de música, o Universo Paralello e contra moradores de kibutz (assentamentos rurais) como o de Be’eri, o Nir Am e o Kfar Azza. Segundo último balanço, ao menos 1,3 mil israelenses e 1,5 mil palestinos morreram desde o início do confronto, no sábado.

No primeiro dia, os grupos armados do Hamas se infiltraram em mais de 20 cidades fora de Gaza, onde mataram pelo menos 1.200 pessoas e fizeram cerca de 150 reféns. Em 36 horas, o número de feridos passava de 4 mil.

No dia seguinte, Israel destruiu cerca de 800 alvos em Gaza, segundo porta-voz das Forças Armadas. O país retomou o controle dos territórios do sul no terceiro dia de invasão do Hamas e comunicou que 1.500 homens do grupo armado foram mortos.

Na última quinta-feira, a ONU rechaçou um ultimato de Israel, que ordenou que 1,1 milhão de pessoas deixassem a região norte de Gaza em 24 horas porque haverá uma operação terrestre na região.

O início dos ataques
Os ataques do Hamas começaram em diversas regiões de Israel ao mesmo tempo. Parapentes armados decolaram de Gaza, drones foram usados para destruir estações de vigilância israelenses e houve o disparo de milhares de foguetes. Provas que emergem dos locais que foram alvo mostram um lastro de crueldade e morte, e refazem o caminho dos terroristas ao atacarem civis israelenses em lugares comuns de uma manhã de sábado. Veja no mapa abaixo:

Apesar de ter iniciado os ataques, o poderio bélico do Hamas é inferior ao de Israel: o grupo armado tem 25 mil integrantes e os soldados israelenses são 170 mil, no total. Veja mais detalhes:

Brasileiros em regiões atacadas
O Ministério das Relações Exteriores informou que, nos primeiros dias, a embaixada em Tel Aviv recolheu, por meio de formulário, dados de cerca de 1,7 mil brasileiros com interesse na repatriação, sendo a maior parte turistas. A autorização para que aviões da FAB buscassem brasileiros em Israel aconteceu dois dias após o início do conflito.

O Brasil foi o primeiro país a buscar seus cidadãos. Até o momento, quatro voos trouxeram tripulantes ao país: o primeiro pousou em Brasília na quarta-feira com 211 pessoas; o segundo pousou no Rio de Janeiro na quinta-feira com 214 pessoas, um cachorro e três gatos; o terceiro, em Recife, na sexta-feira, com 69 pessoas, e o quarto está previsto para pousar neste sábado com mais 207 pessoas, dois cachorros, dois gatos.

Até esta sexta-feira, foram confirmadas pelo Itamaraty as mortes de três brasileiros: Bruna Valeanu, Ranani Glazer, Karla Stelzer. Eles estavam na rave Universo Paralello, que acontecia no deserto de Negev, perto de Re-im, no sul de Israel, a menos de 20 quilômetros da Faixa de Gaza.

Divergências ideológicas entre nações
Desde que o conflito foi anunciado por Benjamin Netanyahu, primeiro ministro de Israel, líderes de algumas nações têm feito pronunciamentos. Netanyahu foi o primeiro, em mensagem de vídeo divulgada nas redes sociais, algumas horas depois de seu país sofrer ataques. Ele classificou o ataque surpresa do Hamas como "criminoso" e anunciou ter ordenado "uma ampla mobilização" de reservistas:

— Estamos em guerra e vamos vencer. O inimigo pagará um preço que nunca conheceu.

Já os Estados Unidos entregaram armas e munições a Israel. Em ligação com Benjamin Netanyahu no dia seguinte de seu pronunciamento oficial, o presidente dos EUA, Joe Biden, anunciou que enviaria "ajuda adicional aos militares israelenses" e outras mais "nos próximos dias", de acordo com um comunicado de imprensa da Casa Branca.

O Irã, por sua vez, disse que "os Estados Unidos deverão conter Israel", se quiser evitar uma guerra regional. A fala foi do ministro iraniano de Relações Exteriores, Hossein Amir Abdollahian, durante uma visita ao Líbano. Já o movimento xiita libanês Hezbollah, que é apoiado por Teerã, afirmou que está "totalmente preparado" para se unir ao Hamas no conflito contra Israel no momento propício. Na última sexta-feira, Israel bombardeou o sul do Líbano como resposta a uma "tentativa de invasão" do Estado Judeu pelo norte, de acordo com autoridades em Jerusalém.

— Os EUA querem permitir a Israel destruir Gaza, e é um grave erro. Se os americanos querem evitar que a guerra se estenda por toda a região, devem controlar Israel — indicou o chanceler em Beirute. — Se não detiverem os crimes israelenses, não sabemos o que pode acontecer.

Durante a semana, uma decisão incomum foi tomada por Netanyahu em meio à crise: ele anunciou, na quarta-feira, ao lado do líder da oposição, Benny Gantz, a formação de um governo de coalizão nacional em caráter emergencial. Segundo o líder israelense, as diferenças foram postas de lado para “lutar contra um inimigo pior que o Estado Islâmico”.

Pressão ao Hamas x manifestações
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, tem viajado por países árabes, procurando pressionar o Hamas a libertar os reféns israelenses em Gaza e impedir a propagação do conflito, que começou com o ataque, no dia 7 de outubro, do movimento islâmico palestino contra Israel. O chefe diplomático norte-americano irá se reunir em Amã com o rei Abdullah II, da Jordânia, e com o presidente palestino Mahmoud Abbas, antes de viajar para o Qatar, Arábia Saudita, Egito e Emirados Árabes Unidos.

Enquanto isso, manifestantes pró-palestinos protestam em 14 países um dia após o Hamas apelar à diáspora. Os protestos maciços acontecem no Afeganistão, Irã, Iêmen, Paquistão, Líbano, Indonésia, Iraque, Índia, Sri Lanka, Bangladesh, Turquia, Jordânia, Síria e Japão. As manifestações pró-Palestina foram registradas em ao menos 14 países, um dia após o Hamas apelar aos palestinos, bem como ao "povo livre de nossa nação árabe e islâmica em todo o mundo", para que se reunissem em solidariedade ao grupo terrorista ao redor do planeta.

Na última sexta-feira, os conflitos se espalharam para além de Gaza, com mortos na Cisjordânia e bombardeios no Líbano. Ao menos 11 pessoas morreram e 239 ficaram feridas em confrontos entre forças de segurança e manifestantes pró-Palestina na Cisjordânia e Jerusalém Oriental.

'Sensação de segurança' em xeque
Segundo especialistas, os ataques do Hamas têm o objetivo de "destruir a sensação de segurança" em Israel. Para estes estudiosos, o grupo tenta minar o mito da invencibilidade israelense ao levar o conflito para dentro do território judeu. Pesquisadores apontam que ofensiva de sábado pode ter objetivo político por trás, como reforçar imagem do Hamas com palestinos.