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Polônia vai às urnas para definir futuro das relações com UE e Ucrânia

Poloneses escolhem 460 deputados e 100 senadores

Eleições na Polônia - WOJTEK RADWANSKI / AFP

Os eleitores poloneses votam neste domingo em uma eleição legislativa que se prevê bastante disputada e que cujo resultado depende o futuro das relações com a União Europeia (UE) e a vizinha Ucrânia. Segundo as pesquisas, o partido populista Lei e Justiça (PiS, no poder) obteria o maior número de votos, mas insuficientes para formar uma coalizão de governo. Esse cenário abriria caminho para a oposição liderada pelo ex-presidente do Conselho Europeu Donald Tusk.

— Mais uma vez votamos por nossos direitos e valores fundamentais — disse Tusk à AFP.

Ao meio-dia local (7h em Brasília), o registro de participação dos eleitores alcançava 22,59%, superior aos 18% de quatro anos atrás, anunciou a Comissão Eleitoral Nacional.

Uma vitória do PiS poderia exacerbar as tensões com a União Europeia e a Ucrânia e decepcionar aqueles que se preocupam com o futuro do Estado de Direito, da liberdade de imprensa e dos direitos das mulheres e dos imigrantes.

— Cedemos certos poderes à UE, mas já é suficiente. Não mais. Estamos na UE, queremos permanecer nela, mas em uma UE de países soberanos — repetiu Jaroslaw Kaczynski, líder do PiS, durante seu último comício de sexta-feira.

Tusk, em contrapartida, disse que o PiS tem "planos secretos" para deixar a UE e estava "levando o país na direção errada".

Alianças

O PiS promete continuar com sua polêmica reforma do sistema judicial, cujo objetivo declarado é erradicar a corrupção, mas que a UE considera um ataque à democracia. Em sua tentativa de formar governo, o PiS poderia recorrer à Confederação, um partido de extrema direita que quer pôr fim à ajuda em larga escala para a Ucrânia e que fez campanha com uma plataforma anti-imigrante e antieuropeia.

A Confederação descartou, no entanto, tal aliança, e alguns analistas dizem que ela é pouco provável, devido às tensões latentes entre os dois partidos. Nesse sentido, os centristas esperam que, se a Coalizão Cívica de Tusk ficar em segundo lugar, ele consiga os votos suficientes para formar um governo com dois aliados menores, a Esquerda e a Terceira Via.

Ucrânia

Kiev e seus aliados ocidentais acompanham de perto estas eleições, após a vitória recente na Eslováquia de um governo hostil à ajuda à Ucrânia. A Polônia é um dos principais defensores da Ucrânia e acolheu em seu território um milhão de refugiados ucranianos, mas o cansaço com o conflito cresce entre os poloneses.

Recentemente, o governo polonês entrou em rota de colisão com Kiev, ao proibir a importação de grãos ucranianos, sob o argumento de que a medida era necessária para proteger os agricultores poloneses.

Os eleitores são esperados nas urnas para eleger 460 deputados da Assembleia e 100 senadores. Além disso, o PiS convocou, de forma simultânea, um referendo com perguntas sobre imigrantes e economia, o qual a oposição pediu que fosse boicotado.

As seções eleitorais foram abertas às 7h locais (2h em Brasília), e as pesquisas de boca de urna devem começar a ser divulgadas pouco depois do fechamento das urnas, previsto para as 21h locais (16h em Brasília).