Congonhas

Aeroporto de Congonhas passa a ser operado por concessionária privada e terá novo terminal até 2028

Desafio será fazer obras e melhorias sem parar operação do segundo terminal aéreo mais movimentado do país

Aeroporto de Congonhas - Divulgação / Infraero

Depois de 87 anos de sua fundação, o aeroporto de Congonhas, na zona Sul de São Paulo, passou a ser operado por um concessionário privado na manhã desta terça-feira. O primeiro voo sob a nova gestão da espanhola Aena foi o Gol 1553, proveniente de Recife e com pouso no terminal da capital paulista às 6h03. A primeira decolagem foi do voo Azul 4006, às 6h09, com destino a Belo Horizonte.

Os passageiros começarão a ver mudanças no curto prazo nas salas de embarque remoto (por ônibus), reforma de banheiros e de fachada. Já obras maiores devem acontecer ao longo dos próximos anos. Um novo terminal, por exemplo, como novas pontes de embarque, deverá estar operando apenas em 2028, conforme prevê o contrato de concessão.

— Vamos entregar um projeto básico para a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e as obras devem começar no segundo semestre de 2024. O desafio é fazer as melhorias sem parar o terminal. Temos o horário noturno, quando o aeroporto está fechado, mas sem perturbar os vizinhos — disse o diretor-presidente da Aena Brasil, Santiago Yus, durante conversa com jornalistas nesta manhã no terminal.

O novo terminal será erguido onde hoje ficam os hangares das companhias aéreas Gol, Azul e Latam. O novo terminal será integrado ao atual e um dos principais desafios da Aena Brasil será tocar as obras sem parar a operação de Congonhas, que é o segundo aeroporto mais movimentado do país, atrás apenas de Guarulhos.

Até agosto passado, 14 milhões de passageiros passaram por Congonhas. Antes da pandemia, em 2019, Congonhas teve um fluxo de 22,2 milhões de passageiros. Congonhas tem a segunda ponte aérea mais movimentada em termos de assentos ofertados na América Latina e é o terceiro mais conectado domesticamente no continente. Ao final da concessão, de 30 anos, o fluxo de passageiros deve chegar a 30 milhões de pessoas.

Yus afirmou que haverá mudanças na área externa, com novas áreas para embarque e desembarque de passageiros de aplicativos. A Aena já contratou 450 pessoas e passou a fazer a gestão de 100 contratos de serviços.

Entre as principais obras estão também a revitalização dos pavimentos das pistas de táxi, ampliação do pátio de aeronaves, com novas posições de contato, e outras melhorias ambientais e de sustentabilidade. Os recursos para as obras, disse Yus, poderão ser obtidos via crédito em bancos, mas isso ainda não está definido.

Ele disse que há discussões com companhias para avaliar se há interesse em ter voos internacionais no terminal. Também disse que há interesse em trazer voos para destinos como Belém, Boa Vista e Manaus, que hoje operam em Guarulhos.

Ele disse que Congonhas manterá duas pistas de operação para evitar que o terminal pare completamente em caso de algum problema. Hoje, o terminal fica aberto de 6h às 23h e opera 44 voos por hora, entre pousos e decolagens.

— Queremos trazer as melhorias com o menor impacto possível, afinal isso afetar toda a malha área do país. Também vamos melhorar a segurança dos pousos e decolagens — disse Yus.

Para saber informações de voos, os passageiros deverão acessar a parti de hoje o site www.aenabrasil.com.br, que substituirá o site da Infraero. Yus disse que a transição aconteceu de forma tranquila nesta manhã, já que houve treinamento de mais de 14 mil horas para cerca de 170 funcionários. Ele disse que na primeira hora de operações do novo concessionário, o tempo de inspeção de bagagens o raio-X era de cinco minutos e houve 95% de pontualidade nas operações.

Em agosto do ano passado, a Aena venceu a licitação da sétima rodada de concessões para operar 11 aeroportos nos estados de Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Pará. O aeroporto de Congonhas é o terceiro dessa rodada a passar para o controle da Aena.

A empresa assumirá a operação dos demais aeroportos, de forma escalonada, até o dia 30 de novembro. A Aena informou que já realizou investimento de R$ 3,3 bilhões em pagamentos iniciais.

Atualmente, a companhia opera o aeroporto de Uberlândia e mais seis aeródromos no Nordeste do país – Recife (PE), Maceió (AL), João Pessoa (PB), Aracaju (SE), Campina Grande (PB) e Juazeiro do Norte (CE). A empresa já investiu cerca de R$ 2 bilhões em obras, equipamentos e sistemas para melhorar tecnologia, segurança e conforto, com ampliação dos espaços e acréscimo de capacidade operacional

Ao final do processo da nova rodada, a Aena estará presente em nove estados do país, com a gestão de 17 equipamentos que são responsáveis por cerca de 20% do tráfego aéreo nacional.

Aena Brasil é controlada pela espanhola Aena, considerada uma das maiores operadoras aeroportuárias do mundo em número de passageiros, com mais de 275,2 milhões em 2019 na Espanha.