Relatora na CPI do 8 de janeiro, evangélica e aliada de Dino: quem é Eliziane Gama
Filha de pai pastor, senadora ficou conhecida ao integrar comissões importantes como a CPI da Covid
Como relatora da CPI que investiga os atos golpistas de 8 de janeiro e membro de outras comissões importantes, Eliziane Gama (PSD-MA) tornou-se uma figura importante no cenário nacional. Aliada do governo Lula (PT), tendo ajudado, inclusive, a aproximar o petista de grupos evangélicos, a senadora tem histórico de críticas a governos de esquerda e apoio ao ex-juiz Sérgio Moro (União Brasil-PR), hoje senador, no contexto da Operação Lava-jato.
No relatório apresentado nesta terça-feira (17), a senadora aponta que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) cometeu associação criminosa, violência política, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado, todos delitos previstos no Código Penal. O texto recebeu críticas de parlamentares bolsonaristas, mas teve apoio de integrantes do governo.
Mas essa não foi a primeira vez que Eliziane foi criticada. Ao ser eleita relatora da comissão, ela foi interrompida várias vezes. O senador Marcos do Val, por exemplo, apontava que ela seria parcial na análise por ser próxima do ministro da Justiça Flávio Dino, que segundo a oposição seria parte interessada na CPI.
Apesar de Eliziane ter sido considerada uma boa opção para o governo, ela não foi a primeira escolha na relatoria da comissão. Naquele momento, o Planalto trabalhava a indicação, em um primeiro momento de Renan Calheiros (MDB-AL), próximo de Lula, porém antagonista de Lira. Em paralelo, o senador Eduardo Braga (MDB-AM) também era cotado. Nenhum dos dois emedebistas, no entanto, quis fazer parte da CPMI. Interlocutores afirmam que eles não viam uma estratégia bem definida pelo governo para enfrentar o colegiado.
Natural de Monção (MA), a relatora é jornalista de formação. Ela iniciou sua trajetória política em 2006, quando foi eleita para o cargo de deputada estadual, aos 29 anos, com mais de 15 mil votos. Quatro anos depois, nas eleições de 2010, foi reeleita com o dobro.
Em 2012, a política maranhense tentou uma candidatura à prefeitura de São Luís, capital do estado, e ficou em terceiro lugar. Dois anos depois, foi eleita deputada federal pelo Maranhão, com 133 mil votos.
No Congresso Nacional, atuou como membro da CPI da Petrobras e foi defensora do impeachment da então presidente Dilma Rousseff (PT). À época, ela defendeu a atuação do juiz Sérgio Moro, criticou quem tratava o procedimento como "golpe" e taxou o mandato da ex-presidente como "desgoverno".
Cinco meses após votar pelo impeachment de Dilma, Eliziane também votou sim ao pedido de cassação do mandato do deputado Eduardo Cunha.
Após um mandato como deputada federal, ao final de 2018, Eliziane se candidatou ao cargo de senadora e foi eleita. À época, apoiou a candidatura de Fernando Haddad à presidência da república. No Senado, Eliziane teve atuação na CPI da Covid-19. Ao final dos trabalhos da CPI, a comissão reforçou a importância da presença feminina nas atuações parlamentares. Poucos depois foi formada a Bancada Feminina do Senado Federal, da qual Gama é líder.
A senadora de 46 anos já atuou nos partidos PPS (2001-2015), REDE (2015-2016), Cidadania (2016-2023) e PSD (2023-presente). Seu mandato dura até o final de 2027.
Nas eleições de 2022 esteve cotada para ocupar a vaga de vice-presidente na chapa de Simone Tebet (MDB) na corrida eleitoral, o que acabou não acontecendo. Filha de pai pastor, Eliziane é evangélica da Assembleia de Deus e foi tratada como importante elo entre a campanha de Lula e a comunidade no final da disputa presidencial de 2022.