O que é a Jihad Islâmica Palestina, acusada por Israel de ter bombardeado hospital em Gaza
Organização criada por universitários em Gaza tem autonomia em relação ao Hamas e é considerada organização terrorista por EUA e União Europeia
Apontada por um porta-voz das Forças Armadas de Israel como grupo responsável pelo disparo que atingiu o Hospital Árabe al-Ahli, na Cidade de Gaza, a Jihad Islâmica é uma organização palestina fundada em 1981 que recebe apoio do Irã e tem comprometimento com a resistência armada contra o Estado judeu. A explosão — que o Hamas atribuiu a Israel — deixou ao menos 500 mortos, segundo informações divulgadas pelo Ministério da Saúde. O grupo extremista negou as acusações.
Criado por estudantes da Universidade Islâmica de Gaza, ela é vista como próxima ao movimento islâmico Hamas, que governa o enclave palestino desde 2007.
Os dois grupos apoiados pelo Irã — o inimigo número 1 de Israel — estão ligados à Irmandade Muçulmana, um movimento fundado no Egito no século XX.
A Jihad Islâmica atua principalmente em Gaza, mas também tem presença na Cisjordânia, um território palestino ocupado militarmente por Israel desde 1967.
O governo israelense afirma que as relações entre o grupo palestino e o Irã se aproximaram.
"O líder da Jihad Islâmica (Ziad al Najala) está em Teerã no momento" disse o primeiro-ministro israelense, Yair Lapid, no sábado.
Enquanto isso, o exército de seu país continuou a bombardear Gaza como parte de um "ataque preventivo" contra o grupo armado.
Israel afirmou que agia em antecipação a uma possível retaliação pela prisão na Cisjordânia de um de seus líderes alguns dias antes.
O general Hosein Salami, chefe da Guarda Revolucionária, o exército ideológico da República do Irã, assegurou ao líder da Jihad Islâmica no sábado que os palestinos "não estão sozinhos" em sua luta contra Israel.
O braço armado da Jihad Islâmica, as brigadas Al Qods, foi fundado em 1992. A organização foi dirigida por Fathi Chakaki até 1995, quando o líder, também escritor e médico, foi assassinado em Malta pelo Mossad, o serviço de inteligência israelense.
Considerada uma organização terrorista por Israel, Estados Unidos e União Europeia, a Jihad Islâmica assumiu a responsabilidade por vários ataques suicidas contra israelenses, especialmente durante a Segunda Intifada, a revolta palestina de 2000 a 2005.
Em 1989, o grupo realizou um ataque suicida em um ônibus Tel Aviv-Jerusalém que matou 16 pessoas.
Muitos líderes da organização estão atualmente em Damasco, na Síria.
A Jihad Islâmica se opõe a qualquer negociação com Israel e rejeita os acordos de Oslo, assinados pela Autoridade Palestina e Israel em 1993.
Embora a organização geralmente coordene suas operações com o Hamas, a situação atual mostra a sua autonomia de ação.
O Hamas não dispara foguetes contra Israel desde que os ataques começaram na sexta-feira, ao contrário do que fez em 2019, quando a Jihad Islâmica e Israel trocaram hostilidades durante vários dias após a morte de Baha Abu Al Ata, um comandante do grupo islâmico, durante uma operação israelense.
Ele era o chefe da organização no Norte de Gaza. Seu sucessor no cargo, Taysir Al Jabari, foi morto em um ataque israelense na sexta-feira.