FRANÇA

Obras de arte, Ferrari e R$ 69 mi: quem é o dentista francês condenado por mutilar 400 pacientes

Lionel Guedj, 43, e seu pai, Jean-Claude, 71, realizaram operações em bairros populares de Marselha

Porto de Marselha, na França - wikipedia

Condenado nessa sexta-feira (20) a cinco anos de prisão, o dentista Lionel Guedj, de 43 anos, mutilou cerca de 400 pacientes de Marselha, na França, para fazer sua fortuna de 13 milhões de euros, o equivalente a R$ 69 milhões. Seu pai, Jean-Claude Guedj, de 71 anos, também fazia parte do esquema e recebeu a mesma sentença do filho.

Os bens da dupla foram apreendidos. Acabaram confiscados propriedades, veículos, um barco, contas bancárias e obras de arte no valor de 2,2 milhões de euros (R$ 11,7 milhões). Estabelecido em uma das áreas mais pobres da cidade entre 2006 e 2012, o consultório de Lionel Guedj era, segundo os juízes, “uma máquina de dinheiro”.

Tamanho patrimônio foi construído no intervalo de cinco anos através do esquema montado por pai e filho. Preso desde 8 de setembro de 2022, Lionel foi acusado de desvitalizar cerca de 3,9 mil dentes saudáveis de centenas de pacientes para então instalar pontes dentárias muito lucrativas, sem outra motivação além de aumentar sua receita.

Em cinco anos, ele se tornou o dentista mais bem pago da França: dirigia uma Ferrari, recebia entre 65 mil e 80 mil euros por mês (R$ 348 mil e R$ 428 mil) e juntou seu patrimônio de 13 milhões de euros (R$ 69 milhões).
 

— O ser humano foi relegado a um simples instrumento a serviço de sua fraude — acusou o procurador, qualificando o réu como um “orador de feira”, cuja eloquência e charme conquistaram a confiança de muitos pacientes da região.

Os magistrados da corte de apelação de Aix-en-Provence foram menos severos do que o procurador. Em suas alegações finais realizadas em junho, Patrice Ollivier-Maurel havia pedido uma pena de dez anos para Lionel, o máximo possível para esses fatos.

Já Jean-Claude, um cirurgião-dentista no final de sua carreira, foi acusado de ter apoiado a fraude do filho, prestando assistência, especialmente no “atendimento pós-venda aos pacientes que sofriam”. Apresentado pelo procurador como “a raposa velha a serviço do jovem lobo”, ele havia sido solto em março após cinco meses de prisão preventiva. Agora, um mandado de prisão foi emitido contra ele.