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Oposição venezuelana define rival de Maduro em primárias repletas de desafios

Alguns dos 3.000 centros de votação abriram às 8h (9h de Brasília), mas vários apresentavam atrasos

Eleições na Venezuela - Federico Parra / AFP

A oposição da Venezuela vota neste domingo (22) para escolher um candidato único que enfrentará o presidente Nicolás Maduro nas eleições de 2024, em um processo de primárias repleto de desafios logísticos.

Alguns dos 3.000 centros de votação abriram às 8h (9h de Brasília), mas vários apresentavam atrasos.

A favorita em todas as pesquisas é a candidata María Corina Machado, da ala mais radical da oposição.

Machado está inabilitada para exercer cargos públicos por 15 anos, o que em tese a impediria de registrar sua candidatura para as eleições presidenciais do próximo ano.

As primárias acontecem apenas cinco dias após a assinatura de um acordo em um processo de negociação entre governo e oposição, que programou as eleições presidenciais para o segundo semestre de 2024, com a presença de observadores da União Europeia e de outras instituições internacionais.

O governo dos Estados Unidos respondeu com um alívio, por seis meses, das sanções contra o petróleo venezuelano, mas estabeleceu como condição a retirada das inabilitações de opositores, um tema delicado no qual o chavismo não deseja ceder.

Os 21 milhões de venezuelanos registrados na justiça eleitoral podem votar nas primárias, organizada pela própria oposição, que descartou a assistência técnica do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) após meses de evasivas por parte da instituição, que finalmente propôs no último minuto um adiamento de um mês do processo para administrar as primárias.

Isto provocou grandes problemas logísticos, da definição e instalação de centros de votação - em praças, parques, escolas e até residências particulares - até o credenciamento dos integrantes das mesas e das testemunhas.

"O material não chegou, algumas pessoas vieram para exercer o direito de voto e saíram, mas pretendem retornar quando o material chegar", disse Yampiero Mendoza, 41 anos, que ofereceu sua casa como centro de votação em Catia, um bairro de Caracas que é reduto do chavismo.

Filas eram observadas em outro local de votação em Catia.

"Conseguir realizar as primárias uma conquista por si só", declarou à AFP o cientista político e professor Jorge Morán. "Superaram uma infinidade de obstáculos e ameaças externas".

A votação também será possível em outros 28 países.

Carlos Prosperi, candidato do partido tradicional Ação Democrática (AD), que registra uma intenção de voto ínfima nas pesquisas, denunciou no sábado, poucas horas antes do início das primárias, "irregularidades" logísticas e um favorecimento a Machado.

A oposição está cada vez mais dividida, em particular após a experiência fracassada de governo paralelo de Juan Guaidó, que desabou em janeiro.

Morán não acredita que as primárias garantirão uma candidatura única e espera vários aspirantes da oposição nas eleições de 2024.