GUERRA

Netanyahu diz que está em "batalha dupla" contra Hezbollah e Hamas

Primeiro-ministro israelense advertiu que o grupo libanês cometeria 'o erro de sua vida' se decidisse entrar na guerra

Primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu - Ohad Zwigenberg/Pool/AFP

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, advertiu neste domingo (22) que o grupo libanês Hezbollah cometeria o "erro de sua vida" se decidisse entrar em guerra com o país. Em conversa com tropas israelenses na região norte do país, perto da fronteira com o Líbano, Netanyahu afirmou ainda que está em "batalha dupla" contra o grupo libanês e o palestino Hamas.

"Se o Hezbollah decidir entrar na guerra, perderá a Segunda Guerra do Líbano. O movimento libanês cometeria o erro de sua vida. Nós atacaríamos com uma força que não podem sequer imaginar e isto seria devastador para o Estado do Líbano", declarou Netanyahu durante a visita às tropas israelenses.

"Estamos agora numa batalha dupla, uma batalha é (fazer o Hezbollah) recuar aqui, e a outra batalha é ganhar lá (no sul) uma vitória decisiva que esmagará o Hamas" acrescentou o primeiro-ministro.

Algumas horas antes, o Exército israelense havia alertado que o aumento dos ataques do Hezbollah "arrasta o Líbano para uma guerra". "O Hezbollah arrasta o Líbano para uma guerra da qual não obterá nenhum benefício, mas na qual se arrisca a perder muito", advertiu o porta-voz das Forças de Defesa de Israel, Jonathan Conricus.

Neste sábado, as Forças de Defesa Israelenses (FDI) anunciaram que duas "células terroristas" foram atacadas perto da fronteira com o Líbano "em resposta aos lançamentos em direção ao norte de Israel". O ministro da defesa israelense, Yoav Gallant, afirmou que o grupo Hezbollah, milícia xiita libanesa por vezes definida como o irmão mais velho do Hamas, está pagando um "preço alto" pelos ataques ao norte do país nos últimos dias.

O grupo libanês, apoiado pelo Irã, é um aliado do movimento islamista palestino Hamas, que executou em 7 de outubro um ataque sem precedentes contra Israel e matou pelo menos 1.400 pessoas, a maioria civis, segundo as autoridades israelenses.

Os bombardeios incessantes da represália de Israel contra Gaza, território governado pelo Hamas, deixaram mais de 4.650 mortos, a maioria civis, segundo as autoridades de Saúde do movimento islamista.

Hezbollah

A milícia xiita libanesa tem mais tropas e um melhor arsenal que o Hamas, além de grande profundidade estratégica graças ao corredor do Líbano, Síria, Iraque e Irã.

Seu principal trunfo reside no arsenal de mísseis. Tal como no caso do Hamas, não há transparência nem dados verificados. Segundo o centro de pesquisa israelense Alma, o grupo possui algumas centenas de mísseis de alta precisão, cerca de 5 mil mísseis com alcance superior a 200 quilômetros (sendo o Fateh-110, capaz de atingir cerca de 300 quilômetros), cerca de 65 mil foguetes com alcance de até 45 quilômetros e mísseis de menos de 200 quilômetros, e cerca de 2 mil drones. Uma radiografia do Centro de Estudos Estratégicos Internacionais também sublinha a relevância da Fateh-110.

Durante a guerra de 2006, que durou 34 dias, o Hezbollah disparou cerca de 4 mil foguetes contra Israel, de um arsenal de cerca de 15 mil, segundo estimativas israelenses. E está melhor preparado agora do que estava à época.

Em termos de tropas, a variação vai dos 25 mil combatentes estimados pela revista especializada Jane's, em 2017, aos 100 mil declarados pelo próprio chefe do Hezbollah, Hasan Nasrallah, em 2021, número considerado exagerado pelos especialistas

Sem dúvida, a sua intensa participação na Guerra da Síria ao lado de Bashar al-Assad, causou enormes baixas nos últimos anos, mas fez com que o grupo extremista também desenvolvesse experiência de combate - o que é sempre um elemento valioso para qualquer força armada. A presença persistente na Síria de células do grupo é uma vantagem potencial.