VENEZUELA

Candidata liberal se perfila como vencedora de primárias na Venezuela

Eleições primárias da oposição ocorreram neste domingo (22); mais de 1 milhão de pessoas teriam participado

Eleições na Venezuela - Federico Parra / AFP

A liberal María Corina Machado se perfila como vencedora das eleições primárias da oposição celebradas neste domingo (22) na Venezuela, no momento em que os centros de votação começam a fechar.

Especialistas estimam que cerca de 1,5 milhão de pessoas tenham participado até o momento do processo, organizado pela oposição, que descartou a assistência técnica do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) após meses de evasivas por parte da instituição, que, no último minuto, propôs um adiamento por um mês para gerenciar as primárias.

Essa situação resultou em problemas de logística, como atrasos na definição dos centros - a maioria localizada em parques, praças, lojas e casas de moradores - e no credenciamento dos integrantes das mesas e testemunhas. Os resultados devem ser anunciados ao longo da noite.

Avalanche cidadã
Apoiadores de María Corina celebravam à medida que a apuração era concluída nas mesas de um centro localizado em um bairro comercial de Caracas. Diferentemente do sistema eleitoral automatizado usado nas eleições organizadas por autoridades, a apuração da primária opositora foi manual.

Dos 241 votos da mesa 1, 213 foram para a candidata liberal, uma engenheira industrial de 56 anos apontada como favorita em todas as pesquisas.

Na mesa ao lado, o cenário era o mesmo: "María Corina Machado, María Corina Machado, María Corina Machado...", cantava o integrante da mesa que lia cada voto.

"Até o fim! Viva a Venezuela livre!", comemorava Nilsa Correa, 53, usando o slogan da candidata. “Ela vai até o fim, essa inabilitação é mentira. E vencerá."

María Corina está inabilitada para exercer cargos públicos por 15 anos, o que, teoricamente, impediria a engenheira de inscrever sua candidatura para as eleições presidenciais do próximo ano.

As primárias acontecem apenas cinco dias após a assinatura de um acordo em um processo de negociação entre governo e oposição, que programou as eleições presidenciais para o segundo semestre de 2024, com a presença de observadores da União Europeia e de outras instituições internacionais.

O governo dos Estados Unidos respondeu com um alívio, por seis meses, das sanções contra o petróleo venezuelano, mas estabeleceu como condição a retirada das inabilitações de opositores, um tema delicado no qual o chavismo não deseja ceder.

"Estamos sendo parte de uma história cidadã, e o que vimos foi uma avalanche cidadã dentro e fora da Venezuela”, disse María Corina em entrevista coletiva, antes do anúncio dos resultados. As primárias também aconteceram em outros 28 países.

Demonstração de força
Muitos centros de votação permaneciam abertos após as 16h locais, para quando o encerramento da votação havia sido programado. Por lei, a Venezuela não permite o fechamento de mesas enquanto houver eleitores esperando para votar.

Em bairros populares, redutos tradicionais do chavismo, milhares de pessoas faziam fila para votar. Segundo María Corina, em centros de pelo menos quatro estados as cédulas eleitorais acabaram quando ainda havia eleitores na fila para votar. “É uma demonstração inequívoca da força que foi mobilizada hoje”, resumiu.