Soja vira principal produto exportado para Argentina, mas quase 80% são produtos industriais
País vizinho perdeu dinamismo na economia, mas continua tendo papel vital para a indústria brasileira
A Argentina tem uma importância vital para a indústria brasileira e isso ajuda a entender a preocupação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, com o resultado das eleições presidenciais no país vizinho. De janeiro a setembro deste ano, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, 78% dos produtos brasileiros exportados para os argentinos foram produzidos pela indústria de transformação.
Nos nove primeiros meses deste ano, o Brasil exportou US$ 13,64 bilhões para a Argentina, sendo US$ 10,67 bi de produtos industriais, que incluem itens como automóveis, peças e máquinas. Produtos de alto valor agregado e que demandam não só investimentos em tecnologia no Brasil como mão de obra altamente qualificada.
O percentual, na verdade, só não é maior porque as exportações de soja para a Argentina subiram muito este ano, com a quebra de safra no país vizinho. As vendas agrícolas do Brasil saltaram de US$ 367 milhões para US$ 2 bi, na mesma comparação, o que fez com a participação agrícola subisse de 3,1% para 15% do total.
Com isso, a soja passou a ser, isoladamente, o principal produto exportado, representando 14% do total, na frente de partes de acessórios para veículos (11%) e dos veículos de passageiros (8,3%). Esse resultado, no entanto, tende a ser restrito a este ano.
- Houve uma seca forte na Argentina, que gerou a necessidade de eles aumentarem as importações desse produto do Brasil - afirmou o consultor Welber Barral, especialista em comércio internacional e sócio da BMJ consultores.
Há 10 anos, os argentinos representavam 8,6% das exportações brasileiras. Hoje, são 5,4%, o terceiro país da lista, atrás da China (30,5%) e Estados Unidos (10,5%). A queda reflete a perda de dinamismo da economia do país vizinho, embora ainda ocupe posição estratégica, principalmente para a indústria.