Caso Aldeia

Danilo era um "bom menino, mas mudou após a mãe jogar filho contra pai", diz irmã de Denirson Paes

Cleonice acompanha o júri popular do sobrinho, Danilo Paes Rodrigues, réu acusado de participar do homicídio do pai

Cleonice Paes da Silva, irmã de Denirson Paes - Walli Fontenele/Folha de Pernambuco

"Eu dizia 'Danilo era um menino bom', mas, depois, ela [Jussara] ficava fazendo a cabeça deles [filhos], botando eles contra Denirson. É por isso que ele queria tanto sair de casa. Ela fez a cabeça dele, e ele [Danilo] se tornou mau". O relato é de Cleonice Paes da Silva, irmã de Denirson Paes, médico cardiologista encontrado morto em 2018, dentro de uma cacimba em um condomínio de luxo em Aldeia, no município de Camaragibe, Região Metropolitana do Recife (RMR).

Cleonice acompanha o júri popular do sobrinho, Danilo Paes Rodrigues, de 28 anos, réu acusado de participar do homicídio do pai. O julgamento começou nesta terça-feira (24), no Fórum de Camaragibe, mesmo local onde a mãe de Danilo, Jussara Rodrigues, foi condenada a 19 anos, 8 meses e 46 dias de prisão pelo homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver do marido.

"Éramos quatro irmãos. Ele [Denirson] sempre foi destacado. Era uma pessoa responsável, boa, não gostava de briga, era honesto, muito estudioso, muito inteligente e esforçado", lembra Cleonice Paes, falando sobre o irmão, durante entrevista na entrada do Fórum. 

De acordo com ela, Denirson e Jussara viviam de aparências. "Eu me enganei muito, porque eles aparentavam ser muito unidos, viajavam para o exterior, para vários lugares, passeavam muito".

Questionada sobre o que esperava do júri, Cleonice Paes disse que deseja a condenação do sobrinho Danilo Paes. 

"Ele tem que pagar pelo que ele fez com o pai dele e com a nossa família. Nós queremos justiça", diz.

A irmã de Denirson falou sobre o sentimento de revolta da família durante o júri popular. "Minha mãe está em prantos, tomando remédios fortíssimos de depressão. Estamos desolados. É muito revoltante. O pai dele era muito bom para ele. A mãe [Jussara] dizia, 'Fia, o Denirson é um ótimo pai, faz tudo por esses meninos'. E depois ele [Danilo] fica dizendo por aí que o pai era ruim para ele, o pai fazia tudo por ele, viveu por ele", afirmou Cleonice Paes.

Presidido pela juíza Marília Falcone Gomes Lócio, o julgamento deve durar quatro dias. A sentença deve sair até a próxima sexta-feira (27). O corpo de jurados será formado por sete pessoas entre os 25 voluntários convocados, explicou o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE). A imprensa não tem acesso ao salão do júri.

 
 
 
 
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Logo após a formação do corpo do júri,  cinco testemunhas de acusação indicadas pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE) prestarão depoimentos, bem como cinco testemunhas de defesa indicadas pelos advogados do réu.

"Concluída essa fase, o réu será interrogado em plenário. Depois disso, teremos a fase de debates entre a acusação e a defesa. Primeiro, o MPPE expõe sua tese em 1h30. Depois, a Defesa apresenta sua tese no mesmo período. Se houver réplica do Ministério e tréplica da Defesa, ambos têm mais 1 hora para falar no plenário", explica o TJPE.

Encerrada a fase de debate, a magistrada se reunirá com o conselho de sentença, formado pelos sete jurados, em uma sala secreta, para decidir se o réu é culpado ou inocente das acusações. Em seguida, a juíza voltará para o plenário para ler a sentença.

Relembre o caso
O corpo de Denirson Paes foi encontrado esquartejado e com partes carbonizadas em 4 de julho de 2018. O desaparecimento dele vinha sendo investigado pela polícia desde o início de junho daquele ano. 

Em novembro de 2019, pouco mais de um ano após o crime, a esposa de Denirson e mãe de Danilo, a farmacêutica Jussara Rodrigues, foi condenada a 19 anos, 8 meses e 46 dias de prisão pelo homicídio qualificado e ocultação de cadáver do marido.