Dino diz que papel das Forças Armadas no combate ao tráfico no Rio deverá ser "complementar"
Ministro afastou a possibilidade de uma possível intervenção no estado e ressaltou que as tropas militares apenas prestarão apoio às forças de segurança do Rio de Janeiro
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, afirmou nesta terça-feira que uma eventual atuação das Forças Armadas no combate ao tráfico no Rio de Janeiro deverá ser “complementar”. Como antecipou a coluna de Lauro Jardim, em meio a crescente onda violência, o governador Cláudio Castro (PL-RJ) pediu ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) o apoio de tropas do exército na segurança do estado.
Segundo Dino, o emprego pontual das Forças Armadas na segurança do Rio de Janeiro está sendo avaliado pelo presidente Lula. O ministro fez questão de ressaltar que o papel das tropas federais seria “complementar”, afastando a possibilidade de uma intervenção no Rio de Janeiro.
— Está em debate com o governo o eventual ingresso das Forças Armadas como papel complementar. Nós não podemos e não vamos substituir o papel do governo do Rio de Janeiro, em respeito à Constituição. Mas estamos apoiando, e a diretriz do presidente Lula é aumentar esse apoio, e quem sabe até, com a participação das FA para nos ajudar neste trabalho complementar — falou Dino à jornalistas nesta terça.
A capital fluminense sofreu na segunda-feira o maior ataque efetuado pela milícia após a morte do paramilitar Faustão na Zona Oeste da cidade, com 35 ônibus incendiados.
Lula já disse, nesta terça-feira, que vai conversar com o ministro da Defesa, José Múcio, para intensificar a atuação das Forças Armadas em portos e aeroportos para combater o crime organizado no Rio de Janeiro.
— Já conversei com o governador (Claudio) Castro, do Rio de Janeiro. Ontem, eu conversei com o Flávio Dino, hoje vou conversar com o ministro da Defesa, na perspectiva de fazer com que a Aeronáutica possa ter uma intervenção maior nos aeroportos do Rio de Janeiro, que a Marinha possa ter uma intervenção maior nos portos do Rio de Janeiro, para ver se a gente consegue combater mais o crime organizado, o narcotráfico, o tráfico de armas, ou seja, vamos ter que agir um pouco mais.
O presidente, no entanto, também descartou a possibilidade de uma intervenção no estado, como aconteceu durante o governo de Michel Temer, em 2016.
— Não queremos pirotecnia. Não queremos fazer uma intervenção como já foi feita e não deu em nada. Não queremos tirar a autoridade do governador do Rio.
O Globo apurou que o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, ainda vai avaliar as condições de como poderá se dar essa atuação, mas deve acatar o pedido caso Lula determine que as tropas devam reforçar a segurança do Rio de Janeiro.