Estados Unidos

Republicanos indicam novo candidato para presidir Câmara dos EUA, mas partido segue sem consenso

Tom Emmer, de Minnesota, foi nomeado após as indicações de Jim Jordan, de Ohio, e Steve Scalise, da Louisiana, serem descartadas por divisões internas

deputado republicano Tom Emmer disputará cargo de presidente da Câmara dos EUA - Win McNamee/AFP

Os republicanos concordaram, nesta terça-feira, em nomear Tom Emmer, de Minnesota, como novo candidato para liderar a Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, paralisada desde a destituição do presidente anterior, Kevin McCarthy, em 3 de outubro. Emmer, o mais moderado de nove candidatos, saiu vencedor após cinco rodadas de votação a portas fechadas, derrotando, por pouco, o deputado Mike Johnson — um advogado conservador que era um dos favoritos da ala mais extremista do partido —, da Louisiana, em uma votação de 117 a 97.

A estreita margem da sua vitória, entretanto, sugere que os republicanos (que ocupam 221 assentos na Casa) ainda estão profundamente em desacordo, deixando em dúvida se ele conseguirá reunir a maioria de 217 votos para vencer a eleição para o cargo. Se todos os democratas (que ocupam 212 assentos) votarem contra ele — o que é dado como certo —, ele poderá contar com o voto contrário de apenas quatro republicanos. Segundo o deputado Mike Garcia, da Califórnia, contudo, há 25 republicanos que já indicaram em uma pesquisa interna que não pretendem apoiar o nome de Emmer na votação no Plenário.

Caso Emmer saia bem-sucedido da empreitada, será o presidente da Câmara com menos experiência em mais de um século, já que nunca presidiu uma comissão, nem ocupou um posto de liderança durante um longo período de tempo, apesar de ter feito parte do alto escalão em campanhas republicanas.

Um dos seus primeiros desafios seria negociar um acordo orçamentário para 2024, favorável ao seu partido, com negociadores muito mais experientes que ele, desde o líder da maioria democrata no Senado, Chuck Schumer, até o presidente Joe Biden, a fim de evitar uma temida paralisia do governo.

Também lideraria uma Câmara profundamente dividida em um momento em que Biden pede financiamento para ajudar a Ucrânia na guerra contra a Rússia, e Israel em seu conflito com o grupo terrorista palestino Hamas.

A eleição interna ocorreu depois que os republicanos rejeitaram o nome de Jim Jordan, de Ohio, e Steve Scalise, da Louisiana, para ocupar a posição — ambos não conseguiram obter a maioria dos votos necessários para serem eleitos. O nome de Jordan foi endossado por Trump, um dia depois de declarar que ele mesmo poderia assumir o cargo por um "curto período" para "unificar" o partido — e dois dias depois de negar a intenção de ocupar a função.

Fora do cargo desde o início de outubro, McCarthy se tornou o primeiro presidente da Câmara dos EUA na História moderna do país a ser destituído do cargo, fato que ocorreu após uma moção apresentada pelo deputado Matt Gaetz, republicano da Flórida ligado à ala mais extremista do partido. A deposição recebeu 216 votos "sim" (contando democratas e oito republicanos) e 210 "não". Como a proposta precisava apenas de maioria simples, o presidente perdeu o cargo após apenas nove meses de mandato.

"Mudança histórica"
Aos 62 anos, Emmer atua desde janeiro como líder do Partido Republicano, sendo responsável por contar e garantir os votos para aprovar a agenda do presidente da Câmara. Além disso, ele foi o republicano de mais alto escalão na disputa, sendo endossado por McCarthy, deposto após uma moção de um grupo de apoiadores do ex-presidente republicano Donald Trump.

Partidário do ex-presidente, é considerado desleal por alguns trumpistas por ter votado a favor da certificação da vitória de Biden nas eleições de 2020. Ele também foi um dos únicos que votou a favor de um projeto de lei provisório de gastos apresentado por McCarthy, o presidente da Câmara na época, para evitar uma paralisação.

Em uma carta aos seus colegas antes da votação, afirmou que busca uma "mudança histórica". "Não temos mais remédio além de lutar duramente para manter nossa maioria na Câmara e cumprir com nossa agenda conservadora", escreveu Emmer, pai de sete filhos.

Ex-jogador e treinador universitário de hóquei no gelo, Emmer serviu por dois mandatos como presidente do Comitê Nacional Republicano do Congresso.