Canadá faz acordo bilionário para indenizar crianças indígenas
A reforma prevê o pagamento de 16,7 bilhões de dólares (R$ 83,5 bilhões) em compensações para mais de 300.000 crianças e suas famílias
Um tribunal canadense aprovou, nesta terça-feira (24), um acordo histórico e bilionário para reformar o sistema discriminatório de bem-estar infantil e indenizar famílias indígenas prejudicadas por esta política.
A reforma prevê o pagamento de 16,7 bilhões de dólares (R$ 83,5 bilhões) em compensações para mais de 300.000 crianças e suas famílias, e outros 14 bilhões de dólares (R$ 70 bilhões) adicionais para a reforma do sistema de bem-estar infantil em comunidades indígenas.
“Este acordo de compensação é histórico e é o maior da história do Canadá”, disse a jornalista Patty Hadju, ministra de Serviços Indígenas do país.
“Não vai apagar os danos ocorridos, mas vai considerar a dor que muitos demandantes sofreram”, acrescentou.
Este acordo vem na sequência de várias ações que levaram a décadas de pleitos judiciais e negociações, e de um tribunal de direitos humanos determina que o governo havia cortado o financiamento dos serviços infantis de indígenas comparativamente aos serviços para não indígenas.
Apesar de representarem 8% dos menores de 14 anos, os indígenas são mais da metade das crianças recebidas em lares de acolhida no Canadá, segundo um censo de 2016.
O acordo também ocorre pouco depois da descoberta de centenas de túmulos anônimos em centenas de internatos criados pelo governo para tirar os estudantes de sua cultura e idioma.
Desde o fim do século XIX e até a década de 1990, cerca de 150.000 crianças indígenas foram tiradas de seus lares e levadas a 139 internatos.
Milhares morreu, a maioria de desnutrição, doenças ou vítimas de negligência, um fato descrito como "genocídio cultural" em um relatório de 2015 de um comitê da verdade e reconciliação.
Muitas outras abusos físicos e sexuais.
O papa Francisco, durante uma visita ao Canadá em julho de 2022, desculpou-se pelos abusos nos internos, administrados pela Igreja.
O governo canadense fez da reconciliação uma prioridade, mas antes se opôs a ordens judiciais de reclamação relacionadas ao bem-estar infantil, argumentando que preferia negociar um acordo.