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Petistas acionam STF contra bolsonaristas que tentaram associar políticos ao Hamas

Ação ocorre após os deputados do PL Gustavo Gayer e Júlia Zanatta solicitarem à Embaixada americana a cassação dos vistos de parlamentares que assinaram carta de apoio ao grupo em 2021

Os deputados federais Julia Zanatta e Gustavo Gayer - Câmara dos Deputados

O líder do PT na Câmara dos Deputados, Zeca Dirceu (PR), e outros cinco deputados da sigla acionaram o Supremo Tribunal Federal (STF) nessa terça-feira (23) contra os deputados Júlia Zanatta (PL-SC) e Gustavo Gayer (PL-GO). A ação ocorre após os bolsonaristas sugerirem à Embaixada dos Estados Unidos que casse os vistos dos políticos brasileiros que, em 2021, assinaram uma carta pública de apoio ao Hamas.

Desde o dia 7 de outubro, o grupo terrorista abriu uma ofensiva contra o Estado de Israel que eclodiu no maior conflito da região em décadas, com mais de seis mil mortos. No Brasil, o conflito na Faixa de Gaza alimenta uma briga de versões e troca de acusações, que movimenta o Congresso e o embate entre lulistas e bolsonaristas nas redes sociais.

Na ação, os ministros, Zeca Dirceu, Erika Kokay (PT-DF), Helder Salomão (PT-ES), Padre João (PT-MG), Nilto Tatto (SP), Paulão (PT-AL) pedem que a Corte cobre explicações de Gayer e Zanatta pelas acusações. Os ministros Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação) são citados como alvos dessas "falsas denúncias".

Em 2021, os petistas assinaram um manifesto de repúdio ao uso do termo "organização terrorista" ao Hamas que, à época, havia sido designado desta forma pelo Reino Unido. Além dos ministros e dos seis deputados, outros doze parlamentares da esquerda aderiram à carta pública de apoio.

No documento apresentado ao STF, contudo, o grupo alega que os bolsonaristas adotaram um comportamento criminoso ao acusar "diversos colegas de apoiar asquerosas práticas criminosas". Segundo a representação, Gayer e Zanatta tinham avia o propósito de constrangê-los.

"Trata-se de conduta extremamente reprovável, indecorosa e inadmissível, que expõe, através de aleivosias gratuitas e injustificáveis, colegas parlamentares como criminosos (apoiadores de terrorismo) para um País estrangeiro, com o claro propósito de ofendê-los e constrangê-los, na tentativa de torná-los, de acordo com a legislação dos Estados Unidos, cidadãos proscritos naquela Nação e em países aliados, conforme seus instrumentos diplomáticos", diz trecho do documento ao qual o Globo teve acesso.

Os parlamentares alegam ter sido caluniados, já que repudiaram as ações terroristas realizadas pelo Hamas e que deram início ao conflito com Israel. O grupo de petistas também afirma ter tido suas honras e dignidades feridas e que o intuito de Gayer e Zanatta era o de "criminalizar a política brasileira".

Neste contexto, solicitam que presidente do STF, o ministro Luís Roberto Barroso, peça esclarecimentos no prazo de 48 horas sobre as acusações e, posteriormente, respondam em ações civis e criminais

Anteriormente, outro deputado federal, Ivan Valente (PSOL-SP) já havia protocolado uma queixa-crime na Corte, em que afirmou que os bolsonaristas cometeram os crimes de injúria e difamação.

Na segunda-feira, como antecipou Naira Trindade da coluna do Lauro Jardim, Zeca Dirceu havia enviado um ofício ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), solicitando que ele oficie a Corregedoria da Casa contra Gayer e Zanatta. O petista solicitou que a postura dos parlamentares fosse examinada no "ponto de vista ético".