Onda da Covid no Brasil: após 3 meses de crescimento, taxa de positivos começa a estabilizar
Dados da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica e da rede Dasa mostram um leve recuo na proporção de diagnósticos da doença
A taxa de testes positivos para a Covid-19, em alta desde o fim de julho no Brasil, começou a dar sinais de estabilidade. É o que mostram dados da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), que representa os laboratórios privados do país, obtidos com exclusividade pelo Globo.
No último período do monitoramento, entre 14 e 20 de outubro, a positividade foi de 32% nas unidades pelo Brasil – um leve recuo em relação aos 33% registrados nas duas semanas anteriores, tanto de 30 de setembro a 6 de outubro, como dos dias 7 a 13 deste mês.
A taxa de positividade representa a proporção dos testes realizados com um resultado positivo para a Covid-19. Isso quer dizer que, no momento, a cada 10 testes, aproximadamente 3 dão positivo para a doença. O indicador tem sido muito utilizado para acompanhar o comportamento do vírus devido à queda na testagem.
"Hoje, quem tem sintoma de Covid ou não faz teste nenhum, ou faz o teste em casa. Só que esses dados não entram nas estatísticas oficiais, então ficamos com uma espécie de “apagão” no número de casos. Então essa taxa de positividade, ainda que não seja perfeita, serve como um excelente preditor dos casos e de uma onda. Quando ela aumenta, sabemos que tem uma nova onda vindo" explica o virologista da Dasa José Eduardo Levi, doutor em Microbiologia pela Universidade de São Paulo (USP).
O percentual chegou a ficar inferior a 10% em julho, mas começou a subir no fim daquele mês. Em agosto, chegou a cerca de 20% e, em setembro, a 29%. Nos primeiros 14 dias de outubro, cresceu para 33%, antes de estabilizar.
O cenário é apontado também pelo levantamento realizado nos laboratórios da rede de saúde integrada Dasa. No acompanhamento de 17 a 23 de outubro, as unidades registraram uma positividade de 35,21%, que embora alta demonstra um recuo em relação aos 36,13% da semana anterior.
"Pelos nossos dados, estamos ainda num momento de alta, mas já atingimos o pico, por volta da semana passada. Então vemos que está começando a haver uma pequena queda na positividade, ainda que com particularidades em cada região" explica o virologista.
Em relação à onda atual, ele cita que o aumento no número de hospitalizações pode ainda durar algumas semanas. No Estado de São Paulo, por exemplo, a média móvel de novas internações por Covid-19 foi de 181 nesta terça-feira (23). No início de agosto, era de 74.
No entanto, a realidade é bem diferente de outros momentos da pandemia. Em janeiro deste ano, o estado chegou a registrar em média 475 novas hospitalizações a cada 24 horas. Na pior época da pandemia, em março de 2021, o número chegou a 3.500, segundo informações do governo paulista.
Além disso, as mortes seguem estáveis. Em SP, a média móvel de óbitos está em 15 por dia, pouco acima das cerca de 5 vidas perdidas a cada 24 horas pela doença no início de agosto. Em âmbito nacional, dados do Ministério da Saúde mostram que nos últimos três meses o número de mortes variou de 100 a 170 por semana.