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Exposição na Caixa que colocou Lira, Guedes e Damares na lata do lixo teve custo de R$ 250 mil

Apenas uma primeira parcela, de R$ 75 mil, foi paga aos organizadores da mostra; banco explica que rescisão contratual está em andamento e, por isso, não há certeza sobre quais valores serão repassados

Exposição da Caixa com críticas a Bolsonaro e Lira - Reprodução

Suspensa por ter obras críticas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e uma gravura em que os políticos Damares Alves (Republicanos-DF), Paulo Guedes e Arthur Lira (PP-AL) foram representados dentro de uma lata de lixo, a exposição "O Grito!" , que foi realizada na Caixa Cultural de Brasília, foi orçada em R$ 250 mil. A informação foi divulgada na edição do dia 9 de outubro do Diário Oficial da União, em que trecho do contrato da Caixa Econômica Federal foi publicado.

Ao Globo, a Caixa informou que apenas uma parcela, no valor de 30% (R$ 75 mil), havia sido repassada aos artistas. Sobre o restante do valor, o banco afirmou que "os trâmites de governança para rescisão contratual da exposição então em andamento na área técnica" da instituição.

Nesta quarta-feira, o presidente Lula (PT) se reúne com a presidente da Caixa, Rita Serrano. Há uma pressão do Centrão para que a dirigente seja demitida.

Iniciada no último dia 17, a exposição foi cancelada pelo banco nesta segunda-feira (23), após a repercussão negativa. Em um primeiro posicionamento, a instituição afirmou o "viés político" fere as diretrizes do Programa de Ocupação dos espaços da Caixa Cultural 2023/2024, por onde essas obras foram selecionadas, e que irá apurar a responsabilidade internamente. (Leia o posicionamento na íntegra no final da matéria).

A conduta também é vedada pela lei 13.303, de 2016, que impossibilita que empresas públicas patrocinem eventos de cunho político partidário.

A escolha do projeto pela Caixa Econômica Federal gerou repúdio entre os parlamentares por contar com patrocínio do banco e do governo federal. A deputada federal Bia Kicis (PL-DF) protocolou um requerimento de convocação ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para ele prestar esclarecimentos sobre o financiamento do evento. Nas redes sociais, a bolsonarista Júlia Zanatta (PL-SC) questionou o uso de dinheiro público em manifestações artísticas como essa: "Exposição paga com verba pública na Caixa Econômica ridiculizando o presidente da Câmara, Arthur Lira, Bolsonaro, Damares, Paulo Guede. Vamos entrar com representação no TCU para investigar e punir esse absurdo", afirmou.

Antes da suspensão, a mostra estava prevista para ocorrer até o dia 17 de dezembro. De acordo com informações obtidas no site da Caixa, "O Grito!" tinha o intuito de refletir sobre os 200 anos de Independência do Brasil e trazia obras de sete artistas diferentes.

"Se caracterizam por uma análise dos acontecimentos, provocando leituras críticas acerca do legado do período colonial na construção da identidade nacional brasileira", diz a instituição.

A "Coleção Bandeira" é a parte da exposição que recebeu críticas. A obra da artista Marilia Scarabello se trata de um painel com uma série de colagens com a bandeira do Brasil. Além de Damares, Guedes e Lira na lata de lixo, Bolsonaro aparece defecando sobre o símbolo nacional.

Confira o posicionamento Caixa:
A Caixa informa que a exposição “O grito!” foi selecionada no âmbito do Programa de Ocupação dos espaços da Caixa Cultural 2023/2024, modelo de seleção pública para projetos culturais que são patrocinados para ocupação dos espaços do banco.

A obra "Bandeiras" compõe a exposição e apresenta uma coleção de imagens do público em geral recebidas pela artista Marília Scarabello, desde 2016, com releituras da bandeira brasileira que retratam os mais diversos imaginários acerca do Brasil, com variadas manifestações de pensamento.

Considerando que foi identificada na obra em questão manifestação com viés político, o que fere as diretrizes do programa, a Caixa decidiu suspender a referida exposição. A direção do banco informa ainda que determinou apuração de responsabilidade pelos órgãos internos.