Forças dos EUA enfrentam escalada de ataques no Iraque e na Síria
Embora a autoria dos ataques não tenha sido reivindicada por nenhum grupo reconhecido por ter laços com o Irã
As forças dos Estados Unidos e de países aliados destacadas no Iraque e na Síria como parte de uma coalizão internacional antijihadista sofreram repetidos ataques com drones e mísseis neste mês.
Embora a autoria dos ataques não tenha sido reivindicada por nenhum grupo reconhecido por ter laços com o Irã, Washington afirma que esse país está envolvido e ameaçou responder "com decisão".
Por que os ataques aumentaram?
A onda de ataques está relacionada à guerra entre Israel e o Hamas que teve início no último dia 7. Israel respondeu ao ataque do Hamas, que deixou mais de 1.400 mortos, com bombardeios na Faixa de Gaza, que já causaram a morte de mais de 6.500 pessoas, segundo o Ministério da Saúde de Gaza.
Facções armadas ligadas ao Irã ameaçaram atacar os interesses dos americanos devido ao apoio de Washington a Israel. Uma delas, o grupo Hezbollah, exigiu a retirada das forças americanas do Iraque, sob a ameaça de “provar o fogo do inferno”.
O Pentágono afirmou que houve 10 ataques contra forças americanas e aliadas no Iraque e outros três na Síria entre os dias 17 e 24, que envolveram “uma mistura de ataques unidirecionais com drones e foguetes”.
Quem executa os ataques?
Muitos dos ataques recentes tiveram sua autoria reivindicada pela Resistência Islâmica no Iraque", que não mostrou publicamente filiação ou apoio de nenhum governo específico e não é um dos grupos de milicianos estabelecidos naquela região.
Mas suas reivindicações de autoria apareceram em canais do aplicativo Telegram usados por facções armadas pró-Irã.
O Pentágono afirmou que as organizações “que realizam esses ataques contam com o apoio do regime iraniano e da IRGC”, referindo-se à Guarda Revolucionária Islâmica de Teerã.
Segundo a Casa Branca, o Irã "facilita ativamente" ataques contra tropas americanas no Oriente Médio.
Michael Knights, membro sênior do Washington Institute, explicou que a Resistência Islâmica no Iraque é um nome para a imprensa, e não um grupo", uma vez que vários grupos do Iraque apoiados pelo Irã decidiram, "durante o conflito de Gaza, reivindicar a autoria de todos os seus ataques de forma conjunta".
O quão perigosos são os ataques?
O impacto desses ataques é limitado, mas existem grandes chances de uma escalada. O comando central americano informou na semana passada que membros da coalizão internacional contra o grupo jihadista Estado Islâmico (EI) ficaram feridos em um incidente no qual tropas americanas derrubaram um drone e danificaram outro no oeste do Iraque.
Existe um grande potencial de a situação piorar, principalmente se um drone ou foguete matar diretamente efetivos americanos.
“O que observamos é a perspectiva de uma escalada mais significativa contra forças dos Estados Unidos e efetivos em toda a região, em um prazo muito curto, por parte de forças ligadas ao Irã ou, em último caso, do próprio Irã", indicou o Pentágono.
Por que há forças dos EUA em terra?
Existem cerca de 2.500 soldados dos Estados Unidos no Iraque e cerca de 900 mais na Síria, como parte dos esforços para impedir o ressurgimento do EI, que tomou boa parte do território de ambos os países, mas que foi repelido por forças locais apoiadas por ataques aéreos, em um conflito que durou anos.
As forças americanas e outros efetivos da coalizão estão mobilizados em bases no Iraque e na Síria que foram alvo de ataques, mas que são controladas atualmente por autoridades locais, e não tropas internacionais.
As forças dos Estados Unidos no Iraque são responsáveis por trabalhos de consultoria e treinamento, após o fim da missão de combate da coalizão, em dezembro de 2021, enquanto os destacados na Síria ainda realizam operações contra o EI.