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De assédio sexual a acusações de desvios, Caixa já enfrentou escândalos no alto escalão; relembre

Dirigentes do banco e do fundo de pensão foram alvos de investigações

Pedro Guimarães - Tomaz Silva/Agência Brasil

A troca de comando, anunciada nesta quarta-feira (25) para atender aos interesses do Centrão, não foi a primeira vez que a Caixa Econômica Federal foi impactada pelo loteamento político. O banco, inclusive, já enfrentou escândalos além dos vinculados à movimentações partidárias, com suspeitas de corrupção, formação de quadrilha e até mesmo assédio sexual.

Em governos anteriores do PT e do MDB, dirigentes estiveram envolvidos em suspeitas de desvios. Já na gestão de Jair Bolsonaro, o ex-presidente do banco Pedro Guimarães teve que sair do cargo após denúncias de mulheres que disseram terem sido assediadas sexualmente por ele, que virou réu, mas nega as acusações.

A Caixa foi uma das principais estruturas da administração pública atingidas pela Operação Greenfield, que foi deflagrada pela Polícia Federal em 2016 e mirava suspeitas de desvios de recursos nos bancos públicos. Em 2017, a Justiça Federal de Brasília aceitou denúncias feitas pelo Ministério Público Federal (MPF) contra ex-diretores da Funcef, fundo de pensão da Caixa. No ano passado, o MPF passou a cobrar à Justiça para a Caixa desembolsar R$ 5 bilhões para compensar o prejuízo sofrido pelos aposentados usuários dos fundos.

A Operação Greenfield mirou sobretudo dirigentes da Funcef durante os governos anteriores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de Dilma Rousseff.

Os ex-presidentes da Câmara Eduardo Cunha e Henrique Eduardo Alves foram condenados pela Justiça de Brasília por desvios na Caixa em 2018 — Cunha por corrupção e outros crimes, e Alves por lavagem de dinheiro. No entanto, a decisão foi revertida pelo Tribunal Regional Federal da 1ª da Região em 2021. O entendimento do TRF era que a competência para o caso não era da Justiça Federal, mas sim da Justiça Eleitoral. Os dois negam irregularidades.

Em outro caso, o ex-presidente da Caixa Gilberto Occhi, que é ligado ao PP, foi citado na delação do ex-operador financeiro Lúcio Funaro ao MPF como intermediador de propinas para o partido. O ex-presidente do banco foi alvo de uma investigação interna da Caixa. Occhi, que nega qualquer ilícito, nunca chegou a ser condenado.

Em 2017, em uma apuração da PF para apurar desvios na Caixa, agentes encontraram em um endereço vinculado ao ex-ministro Geddel Vieira Lima, do MDB, em Salvador, R$ 51 milhões em dinheiro em espécie. Em 2021, Geddel foi absolvido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) do crime de integrar organização criminosa, mas teve mantida a condenação por lavagem de dinheiro. O emedebista está em liberdade condicional e nega irregularidades.

Já Pedro Guimarães, que comandou a Caixa durante a maior parte do governo Bolsonaro, foi denunciado por diversas funcionárias do banco por assédio. Em março deste ano, a Justiça Federal de Brasília tornou Guimarães réu.

Novo presidente
Carlos Antônio Vieira, o novo presidente da Caixa, é aliado do PP e já ocupou cargos em gestões passadas do PT no governo federal. Ele foi secretário-executivo de Aguinaldo Ribeiro no Ministério das Cidades, permaneceu no cargo com a troca de Aguinaldo por Gilberto Occhi e foi para a secretaria-executiva da Integração Nacional quando Occhi virou ministro da pasta.

Vieira também comandou a Funcef, que é um fundo de pensão do banco estatal. Todos os cargos foram exercidos durante o governo de Dilma Rousseff. Ele saiu do governo apenas quando o PP rompeu com Dilma, durante o impeachment, em 2016.