Saúde

HPV: o que é, sintomas, transmissão, tratamento

Vírus é transmitido através do contato sexual oral, genital ou anal e pode causar verrugas no pênis e na vagina; a melhor prevenção é o uso de preservativo e a vacinação

HPV - FreePik

O HPV é a abreviação em inglês para papilomavírus humano, infecção sexualmente transmissível (IST) que atinge a pele ou mucosas oral, genital ou anal do paciente. Também conhecida como condiloma acuminado, o vírus, na maioria dos casos, não gera sintomas, mas pode provocar verrugas na vagina ou pênis e câncer em homens e mulheres, a depender do tipo da infecção.

Tipos de HPV
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), existem mais de 150 tipos diferentes de HPV, sendo que cerca de 40 deles podem infectar o trato ano-genital.

Oncogênicos: Pelo menos 13 vírus da IST são capazes de desenvolver cânceres. Dentre as variantes cancerígenas, os tipos 16 e 18 estão presentes em 70% dos casos de câncer do colo do útero.

Não oncogênicos: os tipos HPV 6 e 11 são os principais desse grupo e encontrados em 90% dos condilomas genitais e papilomas laríngeos.

Como é a transmissão do HPV?
O urologista e secretário-geral da Sociedade Brasileira de Urologia, Alfredo Canalini, explica que o sexo é a principal via de transmissão do HPV, que inclui:

Contato direto com a pele ou mucosa infectada;

Contato oral-genital ou manual-genital;

O risco de contato se agrava visto que o HPV não se aloja apenas na vagina e no pênis, mas também na vulva, períneo, bolsa escrotal e região pubiana.

De forma muito rara, o HPV também pode ser transmitido de outras maneiras:

Através do parto, da mãe para o bebê;

O HPV pode estar presente em áreas extragenitais, como conjuntivas e mucosas nasal, oral e laríngea.

Ainda não é comprovada a possibilidade de contaminação por meio de objetos, do uso de vaso sanitário e piscina ou pelo compartilhamento de toalhas e roupas íntimas.

Sinais e sintomas do HPV
De acordo com o ginecologista e presidente da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), Agnaldo Lopes, a maioria das pessoas não têm sintomas. O HPV não apresenta dor e nem sangramento.

No entanto, a ausência de sintomas não significa que a doença não possa virar um câncer ou ser transmitida para outra pessoa. Nesses casos, o cuidado precisa ser redobrado.

Como são as verrugas de HPV?
Em alguns casos, o único sintoma visível a olho nu é o aparecimento de verrugas na região genital e no ânus (denominadas tecnicamente condilomas acuminados). Elas aparecem em variadas quantidades, tamanhos e aparência. Em geral, não causam incômodo, mas pode haver coceira no local. Essas verrugas, normalmente, são causadas por tipos de HPV não cancerígenos.

Como é a HPV na gravidez?
As primeiras manifestações da infecção pelo HPV surgem, aproximadamente, entre dois e oito meses, mas pode demorar até 20 anos para aparecer algum sinal. As manifestações costumam ser mais comuns em gestantes e em pessoas com imunidade baixa, que ficam mais suscetíveis à multiplicação do HPV. A ocorrência de infecção pelo HPV durante a gravidez não implica em má formação do feto.

O HPV pode desenvolver câncer?
Sim. O ginecologista Agnaldo Lopes aponta que nos casos em que o sistema imunológico do paciente não combate a doença, é possível que o vírus se torne cancerígeno, justamente pelo desenvolvimento progressivo da doença. Apesar de raro, é possível que seja desenvolvido câncer de ovário, na vagina, vulva, ânus, pênis, orofaringe (que é a parte logo atrás da boca) e boca.

Quais os riscos do HPV para mulheres?
Um dos maiores medos para mulheres é o desenvolvimento do câncer de útero. No entanto, de acordo com o Instituto Fernandes Figueira da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), apesar do risco de uma pessoa do sexo feminino ter contato com o HPV durante a vida ser de 80%, menos de 5% podem ter uma manifestação viral e menos de 1% vai ter uma lesão precursora do câncer de colo.

Comparando-se esse dado com a incidência anual de aproximadamente 500 mil casos de câncer de colo do útero, conclui-se que o câncer é um desfecho raro, mesmo na presença da infecção pelo HPV.

Quais os riscos do HPV para homens?
Apesar de raro, para os homens a infecção pode gerar o câncer no pênis, no ânus e o câncer de orofaringe. Sintomas como nódulos, ferimentos e mau cheiro nas regiões devem ser investigados pelo urologista ou proctologista, a fim de identificar o real problema.

O HPV tem cura?
O urologista Alfredo Canalini explica que o próprio organismo tende a se livrar do HPV após um tempo, especialmente quando o caso é assintomático. Caso ele persista, não existe um antiviral específico.

Tratamento do HPV
Em casos onde há sintomas (aparecimento de verrugas), o ideal é procurar um médico para que sejam receitadas pomadas ou sejam feitas intervenções químicas, cirúrgicas e estimuladores da imunidade;

Caso o HPV tenha desenvolvido cânceres, o tratamento pode ser feito com radioterapia ou quimioterapia.

É imprescindível que o paciente busque um ginecologista, urologista ou proctologista para tratar a IST.

O que fazer se for diagnosticado com HPV?
É importante que caso o paciente descubra que está infectado pelo vírus, avise imediatamente o parceiro ou pessoas com quem teve relação sexual, para que não corram o risco de transmitirem a doença a outras pessoas e para que fiquem alerta, em caso de surgimento de sintomas.

Prevenção do HPV
Por ser uma doença sexualmente transmissível, a principal via de proteção é o uso de preservativos, seja masculino ou feminino.

No caso das mulheres, em que o HPV pode se transformar em câncer de útero, é necessária a realização do exame papanicolau a partir dos 25 anos de idade, pelo menos uma vez ao ano. Depois do segundo exame negativo para o vírus, a examinação pode ser feita a cada três anos.

No caso do homem, também é recomendado ir ao urologista pelo menos uma vez ao ano para realizar exames clínicos.

Outro método importante de prevenção é a vacinação.

Vacina contra o câncer de colo de útero
O câncer de colo de útero, por exemplo, pode ser prevenido por meio de vacinas. O SUS oferece o esquema de duas doses para meninas e meninos de 9 a 14 anos, com o intervalo de seis meses entre elas. A partir de 15 anos, o esquema é de três doses, com intervalo de dois meses entre as duas primeiras, e de quatro meses para a terceira. Porém, a dose nessa faixa etária é apenas na rede privada.