Jogos Pan-americanos

Caio Bonfim é prata na marcha atlética e brinca que percurso estava maior para compensar o feminino

Brasileiro estava na liderança e foi ultrapassado por equatoriano medalha de prata no Mundial sub-20 na última parte do percurso

Caio Bonfim, com a medalha de prata a marcha atlética em Santiago-2023 - Miriam Jeske/COB @miriamjeske_

Caio Bonfim foi medalha de prata na marcha atlética dos Jogos Pan-americanos de Santiago-2023, neste domingo, na Esplanada do Campo de Marte, no Parque O’Higgins, em Santiago. Com o tempo de 1h19min24, ele terminou os 20km atrás apenas do equatoriano David Hurtado, prata no mundial sub-20, que o ultrapassou na última parte do percurso para marcar 1h19min20. A medalha de bronze ficou com o mexicano Eduardo Andres Olivas (1h19min56).

Após um erro na marcação do percurso, a prova feminina foi disputada com cerca de 3,2km a menos do total do percurso, a edição masculina foi disputada no mesmo local. A organização fez uma revisão para ajustar a marcação e os tempos desta prova foram validados (do feminino, não).

— Eu acho que eles (organização) compensaram o feminino e botaram um pouquinho a mais — brincou Caio, logo após a prova. — Não para confiar mais depois disso.

O brasileiro, bronze no último Mundial, disse que entrou nesta prova pela medalha, por colocação, e não pelo tempo. E que por isso não fez diferença para ele o erro cometido no percurso.

— Nem pensei nisso. Quando disseram que iam corrigir, imaginamos que fariam o melhor possível. Colocar 19km, 21km, é suficiente para ter essa briga.

Essa questão do percurso virou motivo de piada generalizada no local da disputa. Brincadeiras de que o marcador é do Paraguai foi uma delas. A brasileira Gabriela Muniz, nona colocada na prova feminina, brincou: "Nossa, estou cansada mesmo marchando menos 3 quilômetros".

— Gente, totalmente amadora. No Brasil a gente chama de corridinha bate saco. Foi um erro brutal. Falta de respeito —diz Gianetti Sena, mãe e técnica de Bonfim, ao criticar a organização.

Vários picos
Caio saiu da prova satisfeito com o resultado, mesmo que tenha ficado "aquele gotinho do ouro", que lhe escapou no finalzinho. Disse que durante o ano, desde fevereiro, correu seis provas abaixo de 1h20m e lembrou que foi quarto lugar na Olimpíada com 1h19min42 (Rio-2016).

— Ganhei de um medalhista olímpico, medalhista em mundial, o equatoriano também é medalhista mundial, o Hurtado foi campeão do mundo júnior...México tem tradição muito grande. É um nivel muito alto. O Pan é como um Brasil e Argentina no futebol. Fiz uma prova muito bem tecnicamente. Mérito do adversário também — falou o brasileiro. — Desde 2011 fui desqualificado, medalha de bronze, medalha de prata daí você fala: 'Agora é medalha de ouro'. Mas o esporte não tem a narrativa que queremos.

Caio ainda disputará mais uma prova em Santiago-2023, ao lado de Viviane Lyra, que ficou em quarto nos 20km feminino. O revezamento de maratona de marcha atlética misto (42km195m), em que eles se revezarão em quatro percursos, começando por ele, será no sábado.

—A gente está no final de temporada e a gente conseguiu, por um milagre, não foi nada científico, nada estudado, conseguir segurar o pico, que era o Mundial (agosto), para ganhar medalha. Segurar esse pico até o Pan foi algo que eu falo de realização profissional como treinador. Os outros que fizeram marca semelhante do Caio na temporada não terminaram bem a prova. Essa parte é gratificante, mas ficou o gostinho da medalha de ouro — falou Gianetti Sena.