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Bastidores da briga entre Ciro e Cid em reunião do PDT

Reunião do partido do Rio, teve como eixo central uma disputa entre os irmãos e aprovou uma intervenção no diretório estadual; grupo do senador se reúne nesta segunda-feira (30) para traçar futuro

Cid Gomes, na posição mais à esquerda, e Ciro Gomes, de camisa verde à direita, durante o encontro do PDT - Reprodução

O encontro do PDT no Rio de Janeiro que terminou em confusão entre os irmãos Ciro Gomes, candidato à Presidência no ano passado, e Cid Gomes, senador pelo Ceará, teve uma série de discursos. Antes dos dois políticos terem se levantado da cadeira e discutido de forma acalorada, Ciro havia afirmado que iria vencer as eleições do ano que vem em Fortaleza:

"Eu vou ganhar em Fortaleza com Sarto em cima de vocês" disse, aos cidistas. Quando seu irmão tentou rebater, o ex-governador afirmou que o senador não tinha "moral" para discursar.

A disputa na capital do Ceará no próximo ano representa um ponto de dissonância entre os irmãos. Enquanto Ciro defende a reeleição do atual prefeito, José Sarto, Cid quer voltar a compor com o PT, partido com quem o PDT se aliou por mais de vinte anos no estado. Recentemente, o diretório estadual tentou liberar o presidente da Assembleia Legislativa, Evandro Leitão, para se desfiliar da sigla e concorrer contra seu correligionário, mas a Executiva Nacional judicializou a anuência.

O clima de tensão entre as alas de Ciro e Cid gerou grande desconforto no encontro. Após quase chegarem às vias de fato, alguns políticos do partido fizeram apelos para que a sigla pudesse chegar a um consenso. Entre eles, o vice-governador de Alagoas, Ronaldo Lessa, que afirmou que a briga entre os dois enfraquece o PDT em todo o país:

"Hoje ninguém ganha aqui, pelo amor de Deus, não é saída a gente discutir hoje. Agora a gente tem que trabalhar para não deixar o partido se destruir no Ceará, quero que vocês saibam que vocês não estão só estragando no Ceará, vocês estão acabando com a gente no resto do país, no Nordeste, de todos os cantos, a gente vai enfraquecer o partido" disse o vice-governador que se dirigiu diretamente a Cid e Ciro na fala, afirmando que o senador já havia se colocado o suficiente que o ex-presidenciável ajudou na trajetória da sigla.

Na sexta-feira (27), após o entrevero familiar público, a Executiva Nacional do PDT aprovou uma intervenção na unidade cearense, formalizando o afastamento do senador do comando local. A partir disso, é preciso que uma nova direção seja nomeada.

O grupo do senador se reúne hoje, às 12h, no Ceará. A expectativa é de que, no encontro, Cid anuncie um novo acionamento judicial contra a intervenção ou sua saída do partido. Na sexta-feira, ao GLOBO, ele não negou a hipótese:

"Sem nenhum motivo intervieram no diretório estadual, para você ver o absurdo a que se chegou no diretório Nacional. Eu vou procurar reunir as pessoas e informar o que aconteceu" lamentou Cid ao fim do encontro, acrescentando que pretende "debater soluções conjuntas" antes de cogitar deixar a legenda.

Entenda o imbróglio
O encontro no Rio ocorreu após uma queda de braço travada entre André Figueiredo e o senador Cid Gomes. Com o aval de Ciro, Figueiredo destituiu a Executiva do Ceará, que acabou reestabelecida via liminar.

Após a retomada, Cid convocou novas eleições locais e foi eleito presidente estadual. Horas depois, contudo, com outro acionamento judicial, o grupo de Ciro Gomes o retirou do posto, e o comando cearense voltou às mãos de Figueiredo.

As divergências entre os grupos do senador e do ex-presidenciável ocorrem desde o ano passado e circundam o mesmo tema: o apoio ao PT. Assim como fez no segundo turno das eleições, a ala de Cid defende que o partido retome a aliança e seja base do governador Elmano de Freitas, enquanto os ciristas preferem que a sigla fique na oposição.