Saúde

David Beckham afirma ter rituais de organização e limpeza: como identificar se um hábito repetitivo

O marido da ex-spice Girl, Victoria Beckham, revelou que sofre de Transtorno Obssessivo-Compulsivo desde o ano 2000 e checa todos os interruptores da casa

David Beckham revela que sofre de TOC desde os anos 2000 - AFP

O ex-jogador de futebol, David Beckham, revelou, por meio da série documental “Beckham” que estreou na Netflix, que lida com o TOC (Transtorno Obsessivo-Compulsivo) desde 2000. Segundo o ex-jogador, de 48 anos, ele volta para checar todos os interruptores da casa quando todos já estão deitados, deixa-os na posição certa e deixa tudo arrumado, porque “odeia” acordar no dia seguinte com "xícaras, pratos e tigelas sujas", disse.

A condição, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), só no Brasil mais de 4,5 milhões de pessoas sofrem da doença.

“Corto a cera derretida das velas, limpo o vidro onde elas ficam. Esse é meu 'ódio de estimação', ter fumaça dentro do recipiente da vela. Limpo tão bem que não tenho certeza se isso é realmente apreciado por minha mulher, com toda a honestidade”, disse Beckham, em gravação do documentário.

É importante salientar que nem toda mania ou pensamento repetitivo deve ser classificado com transtorno obssessivo-compulsivo. Ele é um transtorno caracterizado por pensamentos intrusivos – chamados de pensamentos obssessivos – para os quais a pessoa acaba procurando praticar atos compulsivos – muitas vezes reconhecidos como "manias" severas que acabam prejudicando a vida diária daquele paciente. Ele se sente mais nervoso, ansioso, não consegue dormir, muitas vezes prejudica no trabalho e nos relacionamentos pessoais.

Os comportamentos peculiares de cada um, popularmente chamados de manias, ao contrário, podem ser é algo natural e normal do ser humano. São crenças supersticiosas como bater três vezes na madeira para trazer sorte, ou não deixar o pé de chinelo virado para não acontecer nada de ruim.

— Quando falamos de TOC é realmente um transtorno na vida da pessoa, é diferente de algo que não vai afetar a vida da pessoa. No transtorno, o paciente se sente obrigado a fazer aquilo, caso contrário ela fica aprisionada em pensamentos intrusivos de coisas ruins que são as obsessões, gerando uma perda impactante na qualidade de vida da pessoa — explica o psiquiatra Arthur H. Danila, coordenador do Programa de Mudança de Hábito e Estilo de Vida do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).

Segundo a psiquiatra Camila Magalhães, fundadora da Caliandra Saúde Mental, a adolescência é um período particularmente vulnerável para que os pacientes desenvolvam esses pensamentos e atos.

— Fatores genéticos e ambientais, complicações perinatais, traumas infantis, eventos do ciclo reprodutivo (como idade da primeira menstruação) e eventos estressantes da vida, austeridade ou cobrança extrema dos pais, são os principais fatores associados ao desenvolvimento do TOC — diz.

Tratamentos
É importante que o diagnóstico seja feito por um profissional especializado, como um psiquiatra, para que a pessoa possa ter acesso à melhor forma de tratamento, que pode ocorrer de duas formas: a primeira são os medicamentos que atuam no controle da serotonina do cérebro, hormônio responsável pela sensação de satisfação e prazer. E a segunda é a terapia comportamental, sessões de terapia que se adaptam ao paciente, focando principalmente nos sintomas do TOC. O objetivo é mudar o comportamento, evitando a sensação de insegurança e medo ao se livrar das compulsões.