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Novas frentes da guerra: conflito entre Israel e Hamas passa Gaza e eleva tensão no Oriente Médio

Milícia do Iêmen reivindica ataque em território israelense e diz integrar "eixo de resistência" contra Tel Aviv

Ienemitas realizam orações em solidariedade aos palestinos da Faixa de Gaza e da Cisjordânia - Mohammed Huwais/AFP

Embora a maior parte do conflito entre Israel e Hamas se concentre na Faixa de Gaza, outras frentes da guerra vêm ganhando tração em regiões como a Cisjordânia, o Líbano e o próprio território israelense, alimentando os temores de uma escalada no Oriente Médio — sobretudo com o envolvimento de grupos armados de países vizinhos.

Iêmen reivindica ataques
A milícia huthi, que governa o norte do Iêmen, reivindicou na terça-feira um ataque com mísseis balísticos e um "grande número de drones" contra a cidade turística de Eilat, no sul de Israel, em resposta ao bombardeio militar israelense na Faixa de Gaza. Os rebeldes — apoiados pelo Irã assim como o Hamas — prometeram outros ataques caso a guerra contra o grupo terrorista palestino continue.

Segundo Abdelaziz bin Habtour, primeiro-ministro do governo Huthi, os rebeldes fazem "parte do eixo de resistência" contra Israel, que inclui outros grupos apoiados por Teerã no Líbano, Síria e Iraque, como o grupo xiita libanês Hezbollah. Os huthis tomaram em 2014 a capital do Iêmen, Sanaa, e controlam grandes áreas do país. A guerra civil na região já causou a morte de mais de 230 mil pessoas.

— Há coordenação, uma sala de operações conjuntas e um comando comum para essas operações — declarou. — Não podemos permitir que esse inimigo sionista arrogante mate nosso povo.

De acordo com as Forças Armadas de Israel, “todas as ameaças aéreas foram interceptadas fora do território israelense”.

No domingo, o presidente iraniano Ebrahim Raisi alertou no X, antigo Twitter, que Israel havia "ultrapassado as linhas vermelhas, e isso pode forçar todos a agirem", sem entrar em detalhes.

Desde o início do conflito, em 7 de outubro, houve uma série de ataques às forças americanas no Iraque e na Síria, além de trocas de tiros quase diárias na fronteira entre o norte de Israel e o sul do Líbano, controlado pelo Hezbollah. Diversas entidades internacionais já manifestaram sua preocupação com a escalada da violência na região, que já causou mortes de ambos os lados.

Armas proibidas no Líbano
A Anistia Internacional denunciou ontem o uso ilegal de munições de fósforo branco, proibidas pelo direito internacional, por Israel, incluindo em ataques "indiscriminados" que "devem ser investigados como crime de guerra". O uso da substância em áreas civis é estritamente proibido pela convenção de Genebra de 1997 devido ao seu potencial altamente tóxico e explosivo, com capacidade de voltar a queimar mesmo após ser apagado ao entrar em contato com oxigênio. O governo israelense negou as acusações.

"É mais do que horrível que o exército israelense tenha usado fósforo branco indiscriminadamente, violando a lei humanitária internacional. O uso ilegal de fósforo branco no Líbano, na cidade de Dhayra, em 16 de outubro, colocou seriamente em risco a vida de civis, muitos dos quais foram hospitalizados e deslocados, e cujas casas e carros pegaram fogo", disse Aya Majzoub, vice-diretora regional da Anistia Internacional para o Oriente Médio e Norte da África, em relatório divulgado na terça-feira.

De acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), o fósforo branco é absorvido pelo corpo humano quando inalado, ingerido ou por meio de contato com a pele. A exposição à substância pode causar queimaduras graves e que podem até mesmo atingir os ossos. Além disso, o fósforo branco pode entrar na corrente sanguínea e afetar órgãos internos, como os rins, o fígado e o coração, provocando falência múltipla. O tratamento dos ferimentos é difícil, já que os fragmentos podem continuar a

Mortes sobem na Cisjordânia
Outra frente de batalha que tem acendido alerta da comunidade internacional é a Cisjordânia, território palestino controlado pelo Fatah que vem sendo cada vez mais ocupado por assentamentos ilegais israelenses. Ataques das forças israelenses na região mataram pelo menos 115 pessoas desde o começo da guerra, de acordo com números divulgados ontem pela ONU. O novo balanço aponta que há mais de 2 mil feridos e cerca de mil foram obrigados a deixar suas casas em função da violência.

Entre os mortos, há 33 menores, de acordo com atualização de domingo feita pelo Gabinete de Coordenação de Assuntos Humanitários das Nações Unidas, que vem acompanhando o conflito.