Polícia encontrou "muitas" armas e munição na casa de ex-senador Telmário Mota, diz delegado
Responsável pelo caso, João Evangelista afirma que 'não restam dúvidas' que ex-parlamentar mandou matar a mãe de sua filha: 'Cristalino'
A Polícia Civil de Roraima encontrou "muitas" armas de fogo e uma "quantidade significativa" de munições na casa em que o ex-senador Telmário Mota vive com sua atual mulher, Suzete Mota. As informações foram confirmadas pelo delegado titular do caso, João Evangelista, que afirmou que a corporação ainda não averiguou se o ex-parlamentar havia permissão para portar os artefatos.
Acusado de ter mandado matar a sua ex-mulher, Antônia Araújo de Sousa, Telmário está preso em Goiás desde terça-feira (31). No ano passado, a filha do ex-casal acusou o pai de estupro e, por isso, um mandado de segurança o impedia de chegar perto das duas. Por meio da assessora Cleidiane Gomes da Costa, contudo, o político teria monitorado a rotina das duas até 29 de setembro, quando Antônia foi assassinada com um tiro na cabeça. O assassinato ocorreu três dias antes da ex prestar depoimento enquanto testemunha no caso de sua filha.
Em entrevista ao Globo, Evangelista afirmou "não ter dúvidas" de que o senador mandou matar a mãe de sua filha:
— O que salta aos olhos e que as informações que a gente veio coletando se confirmaram durante as buscas. Telmário ainda não foi inquerido formalmente, mas contra fatos não há argumentos: a materialidade e autoria está muito bem esclarecida e ainda falta muita coisa a ser incluída nos autos. Com certeza (ele) planejou, e esta cristalino e não há nenhuma dúvida que ele está por trás (do mando do assassinato). Ele como réu no processo de estupro era o mais interessado na morte da mãe da vítima — analisa o delegado.
Apesar de não ter sido interrogado pela Polícia Civil de Roraima, o ex-senador passou por uma audiência de custódia na última terça-feira. Na ocasião, ele afirmou que no momento em que foi encontrado pelos agentes em Nerópolis, no interior do Goiás, estava indo a Brasília para se entregar. A versão, contudo, não convenceu os agentes policiais:
— Essa informação destoa da realidade uma vez que ele estava em Brasília e de Brasília foi ao interior de Goiás, onde foi detido. Ele poderia se entregar em Roraima ou até mesmo na delegacia no interior — diz o delegado.
A operação foi deflagrada no início da semana pela Polícia Civil, que fez buscas pelo político em endereço em Roraima e Brasília. Telmário teria fugido em um voo de carreira para Brasília e, de lá, seguiu para Goiás de ônibus.
Evangelista alega que o principal objetivo da polícia agora é transferir o ex-senador para Roraima, confirmar os dados e averiguar se há mais pessoas envolvidas na morte de Antônia.
O delegado afirmou ainda que o sobrinho de Telmário Mota, Harrison Nei Costa Correa Mota ou "Ney Mentira", acusado de organizar o crime, segue foragido. Segundo as investigações, Ney Mentira teria comprado a moto utilizada pelos criminosos.
Alvos com 'silhueta humana'
Um dos pontos chaves desta investigação é a fazenda Caçada Real, propriedade do ex-senador que teria sido usada como "centro de treinamento" pelo grupo que assassinou a ex-mulher do político. No local, foram encontrados alvos de papel com silhueta humana pregados em uma árvore, onde o executor teria treinado a mira:
— Aquele local, a fazenda, era um ponto estratégico do grupo — define o delegado João Evangelista.
Nas buscas realizadas no local foram encontrados e apreendidos dinheiro em espécie, aparelhos eletrônicos e documentos. Um caseiro também foi detido por porte ilegal de arma, por portar uma espingarda sem autorização.