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Bastidores: auxiliares de Lula temem 'Dilma 3' com manutenção de déficit zero para 2024

Integrantes do governo defendem rever algo para contas públicas

Presidente Lula - Marcelo Camargo/Agência Brasil

Auxiliares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que defendem que o governo reveja a meta de déficit zero nas contas públicas para 2024 temem um cenário de “Dilma 3” se o alvo para as contas públicas for mantido, numa referência aos governos da petista Dilma Rousseff.

Ao defender uma meta de déficit de 0,25% ou 0,5% do PIB, algo que varia até R$ 50 bilhões de rombo, integrantes do governo veem uma forma de garantir que não haja contingenciamento (bloqueio) do orçamento, o que traria impactos políticos negativos para Lula.

O temor de um contingenciamento nas contas públicas é de que isso impactaria na liberação de emendas, de investimentos públicos e impediria também reajuste de servidores públicos e promoções, de acordo com auxiliares de Lula, engessando a administração pública na visão desses técnico.

O cenário de “Dilma 3” é visto em um contexto em que, com este quadro se confirmando, o governo perderia apoio no Congresso, da população e dos servidores públicos. Dilma sofreu impeachment em 2016, no seu segundo mandato.

A liberação de emendas para deputados e senadores é uma forma do governo barganhar apoio em pautas importantes do Planalto. Parlamentares também utilizam da ferramenta para pressionar o governo.

Outra preocupação é de que a meta poderia impactaria no andamento das obras do Programa de Aceleração de Investimentos (PAC), principal aposta do Planalto para ampliar volume de obras pelo país, captar investimento privado e gerar empregos no próximo ano.

Na live da última terça-feira, Lula afirmou que quer viajar o Brasil para inaugurar obras em 2024. O plano do presidente passa pela intenção de se dedicar mais ao ambiente doméstico depois de uma intensa agenda externa neste ano e ficar mais próximo das cidades no ano de eleições municipais. Ao colocar de pé essa ideia, o plano poderá impactar positivamente na popularidade de Lula, que sofreu revés nos últimos dois meses.

No Palácio do Planalto a defesa por uma revisão do déficit é encabeçada por integrantes da Casa Civil de Rui Costa. Como mostrou O Globo, auxiliares da ministra do Planejamento, Simone Tebet, avaliam que uma meta de déficit de 0,5% do PIB seria compatível com a situação do contas públicas federais. No Planalto, técnicos avaliam que uma a meta de 0,25% do PIB já ofereceria um colchão de segurança para evitar contingenciamento das contas.

Outro argumento é de que o prolongamento da guerra Israel-Hamas poderá trazer impactos econômicos ao Brasil em 2024, aliado ao conflito entre Ucrânia e Rússia, criando um cenário internacional com adversidades, aliado a erosão de receitas do governo.