Bombardeio causa graves danos ao escritório da AFP em Gaza

Nenhum funcionário da agência de notícias estava no local no momento do bombardeio

Escritório da AFP é danificado em bombardeio - Bashar Taleb/AFP

O escritório da AFP na Faixa de Gaza, um território bombardeado incessantemente pelo Exército israelense, foi gravemente danificado por um ataque na quinta-feira (2), constatou um colaborador da agência nesta sexta-feira (3). À noite, o Exército israelense disse que bombardeou "perto" do escritório, mas o que não foi designado para o edifício de "nenhuma maneira".

A AFP é a única das três grandes agências de notícias internacionais que apresenta um “vídeo ao vivo” que transmite ao vivo da cidade de Gaza. Apesar dos danos do impacto, a comunicação não foi interrompida. Segundo o colaborador da AFP, que conseguiu se aproximar do local na manhã desta sexta, um projeto explosivo entrou de leste a oeste no escritório da parte técnica, situado no último andar de um edifício de 11 andares. O disparo destruiu a parede oposta à janela e causou grandes danos às duas salas adjacentes.

A onda expansiva de explosão destruiu os depósitos de água situados no terraço do prédio, localizado na parte oeste do bairro de Rimal, perto do porto. Um porta-voz do Exército israelense, contactado pela AFP, indicou que os seus serviços tinham "verificado [a informação] diversas vezes" e que "não houve bombardeio [do Exército israelense] no edifício" em questão.
 

Mais tarde, um porta-voz militar declarou que, "segundo a informação que temos atualmente, parece ter ocorrido um ataque das FDI [Forças de Defesa de Israel] perto do edifício para eliminar uma ameaça iminente".

“É muito importante destacar que o edifício não foi alvo do Tzahal [o Exército israelense] de nenhuma maneira e que não temos intenção de que houve falha no alvo deste ataque”, acrescentou à porta-voz à AFP, sem dar mais detalhes.

“Houve um ataque do Tzahal nas imediações que pode ter causado escombros”, acrescentou. O presidente da AFP, Fabrice Fries, disse que a agência condenava "com maior firmeza esse bombardeio contra seus escritórios na cidade de Gaza".

A sua localização “era conhecida por todos e foi lembrada várias vezes nesses últimos dias, precisamente para evitar um ataque como esse e permitir que possamos seguir coberturas com imagens no terreno”, acrescentou.

“As consequências de um tiro como esse foram devastadoras se a equipe da AFP não tivesse sido retirada da cidade”, anunciava. Jodie Ginsberg, presidente do Comitê para a Proteção de Jornalistas, com sede em Nova York, lembrou que "os jornalistas e as redações dos meios de comunicação devem ser respeitados e protegidos".

“Atacar os meios de comunicação é um crime de guerra”, escreveu nesta sexta-feira a Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) em um comunicado publicado na rede social X, antigo Twitter. Também pede "uma investigação imediata".

Funcionários evacuados
Segundo as imagens ao vivo da câmera, que transmitem 24 horas ininterruptamente, o bombardeio ocorreu na quinta-feira, poucos minutos antes do meio-dia (7h pelo horário de Brasília).

Nenhum dos oito membros, entre funcionários e colaboradores permanentes da AFP, radicados habitualmente em Gaza, não estava localmente no momento do impacto. Todos foram enviados para o sul da Faixa de Gaza em 13 de outubro, depois que o Exército israelense pediu à população que deixasse o norte desse território, sob controle do movimento islâmico palestino Hamas desde 2007.

A guerra entre Israel e o Hamas eclodiu após o ataque sem precedente do grupo islâmico em solo israelense em 7 de outubro, não qual morreu 1.400 pessoas, a maioria civis.

Desde então, Israel bombardeou massivamente o território territorial para “aniquilar” o Hamas. Mais de 9.000 pessoas, entre elas 3.800 crianças, morreram em Gaza, segundo o grupo islâmico.