Gaza

Liberação de brasileiros em Gaza: Brasil vê jogo de empurra entre Israel e Egito

Interlocutores da área diplomática veem sinais confusos e tratamento privilegiado a americanos e europeus

Faixa de Gaza - Yuri Cortez/AFP

A demora na autorização para que 34 brasileiros, palestinos residentes no Brasil e parentes próximos possam atravessar a fronteira entre a Faixa de Gaza e o Egito demonstra que há um claro jogo de empurra entre os governos israelense e egípcio.

Essa é a avaliação de interlocutores do governo envolvidos nas negociações, principalmente aqueles ligados à área diplomática.

As sinalizações são confusas e, diante das pressões de aliados como os Estados Unidos e a União Europeia, Israel e Egito tentam e eximir da responsabilidade de elaborar listas mais justas, que contemplem um volume com maior diversidade de estrangeiros.

A avaliação é que americanos e europeus têm sido claramente privilegiados. Somente na quarta lista, divulgada neste sábado, havia lugares para 386 cidadãos dos EUA, 112 do Reino Unido, 51 da França e 50 da Alemanha.

Uma nota divulgada pela embaixada israelense em Brasília mostra essa contradição, enfatizou um integrante do governo. A representação diplomática culpou o Hamas pela demora na liberação dos brasileiros, um dia depois de o chanceler de Israel, Eli Cohen, prometer ao ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, que a autorização sairá, na pior das hipóteses, até quarta-feira.

Mauro Vieira já falou com o chanceler egípcio, Sameh Shoukry, cinco vezes, e três vezes com Eli Cohen. Na última segunda-feira, quando ainda estava em Nova York, Vieira falou ao telefone com o primeiro-ministro e ministro das Relações Exteriores do Qatar , Mohammed bin Abdulrahman Al-Thani; e o chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Antony Blinken.

Também na tentativa de apressar a liberação dos brasileiros, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversou com os presidentes de Israel, Isaac Herzog; do Egito, Abdul Fatah Khalil Al-Sisi; e da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas.