MÚSICA

Orquestra Sinfônica do Recife e Aria Social apresentam concerto histórico

Com obra de Capiba no repertório, Rosemary Oliveira é a primeira mulher a reger a orquestra em 73 anos

Rosemary Oliveira assume a regência da OSR em dois concertos - Alicia Cohim/Divulgação

Pela primeira vez em 73 anos, uma mulher vai reger a Orquestra Sinfônica do Recife (OSR). A maestrina Rosemary Oliveira, vice-presidente do Aria Social, sobe ao palco do Teatro de Santa Isabel, nesta terça-feira (7) e na quarta (8), às 20h, para comandar o conjunto musical em dois concertos históricos.

Antes de Rosemary, a mais antiga orquestra sinfônica em atividade ininterrupta do País esteve sob a batuta de uma mulher apenas uma vez. Foi em setembro de 1950, quando a gaúcha Joanídia Sodré (1903-1975), primeira maestrina do Brasil e da América do Sul, ocupou a regência do grupo.

Lanfranco Marcelletti Jr., diretor artístico e maestro titular da OSR, fez o convite para Rosemary repetir o feito de Joanídia após vê-la em ação no musical “Capiba, pelas ruas eu vou”, que celebra os 30 anos do Aria Social. “É um desafio grandioso. Não costumamos ver muitas maestrinas regendo orquestras no Brasil. Me sinto privilegiada e, de certa forma, podendo representar tantas boas profissionais que nós temos”, comenta a regente.
 

Além dos 67 músicos da orquestra, a maestrina vai conduzir um coro formado por 58 jovens integrantes do Aria Social, projeto sediado em Piedade, Jaboatão dos Guararapes, e que oferece formação artística gratuita para pessoas em situação de vulnerabilidade social. “A maioria dos cantores vai pisar no palco pela primeira vez. Eles estão sendo preparados por Rosemary há apenas dois anos, mas já demonstram um grande preparo”, afirma Cecília Brennand, presidente do Aria.

A fundadora do projeto social conta que convidou Rosemary para fazer parte do Aria há 19 anos, quando a instituição foi transformada em Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip). “Sou bailarina e, em 2004, chamei a Rosemary para inserir a parte musical. Hoje, os alunos saem artistas completos, com formação em dança e música”, diz Cecília.  
 

O concerto apresentado no Santa Isabel é dividido em duas partes. Na primeira, o repertório traz as árias “Se vuol ballare”, “Voi, Chhe Sapete” e “Cinque...diece...venti...trenta”, de Bodas de Fígaro, de Mozart. O grande destaque fica guardado para a segunda metade do espetáculo, quando será executada a “Missa Armorial”, de Capiba.

“Será uma noite de excelência. Não só pelos ótimos artistas que subirão ao palco, mas também pelo resgate do trabalho do nosso mestre Capiba. Todos o reverenciam pelo frevo, mas essa missa é uma obra-prima que poucos conhecem e que nunca foi apresentada com tamanha grandiosidade”, celebra Cecília.

Além do coro, também estarão presentes no concerto as vozes de dois solistas: Rodrigo Lins e Gleyce Vieira. Ambos são alunos do Aria Social e já atuam profissionalmente dentro do projeto. Com figurinos assinados por Beth Gaudêncio, o elenco apresenta, enquanto canta, movimentos de dança coreografados por Ana Emília Freire.

“Durante todo o tempo de preparação, os alunos trabalham simultaneamente voz e dança. A maestrina tem que estar muito conectada à coreógrafa, para que o movimento não atrapalhe o canto. Então, é um trabalho feito em equipe”, pontua Cecília.

Serviço:
Concertos da Orquestra Sinfônica do Recife e Aria Social
Nesta terça-feira (7) e na quarta (8), às 20h
Onde: Teatro de Santa Isabel (Praça da República, Santo Antônio)
Ingressos gratuitos, distribuídos na bilheteria do teatro e no site Conecta Recife 
Instagram: @projetoariasocial