Primeiro-ministro de Portugal apresenta demissão após escândalos
Procuradoria Geral da República informou que a suspeita sobre o primeiro-ministro é que ele tenha feito "intervenção para desbloquear procedimentos" em negócios de extração e exploração de lítio e hidrogênio verde
O primeiro-ministro de Portugal, António Costa, pediu demissão nesta terça-feira, após ser surpreendido pela notícia que está sendo investigado pelo Ministério Público em inquérito que corre no Supremo Tribunal de Justiça. A Procuradoria Geral da República informou que a suspeita sobre o primeiro-ministro é que ele tenha feito “intervenção para desbloquear procedimentos” em negócios de extração e exploração de lítio e hidrogênio verde por empresas particulares em Montalegre e Sines.
"Apresentei minha demissão ao presidente. Encerro esta etapa com consciência tranquila" disse Costa em discurso na TV, após duas reuniões em Belém nesta terça-feira com o presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa. "Estava totalmente disposto a me dedicar com toda a energia a cumprir o mandato até ao fim desta legislatura."
Com a demissão, o Partido Socialista (PS), que tem maioria absoluta, pode indicar outro nome dentro do partido para substituí-lo.
O anúncio surgiu na sequência de uma operação da Polícia de Segurança Pública e do Ministério Público realizada na manhã desta terça. Um dos alvos das buscas foi o Palácio São Bento, residência oficial do primeiro-ministro.
A denúncia inicial sobre o envolvimento de Costa foi publicada em uma reportagem da rede RTP, que levantou suspeitas sobre supostas irregularidades na concessão à exploração de lítio em Montalegre. A concessão para explorar o minério foi dada à LusoRecursos, pelo prazo de 50 anos, um negócio que teria um valor de cerca de 380 milhões de euros (cerca de R$ 1,9 bi).
A empresa que ganhou a exploração do minério não era a mesma que tinha ganho a licitação, o que levantou suspeitas de benefício à LusoRecursos e eventual crime de corrupção.
Consultor e considerado um dos melhores amigos de Costa, Diogo Lacerda Machado foi detido, assim como o chefe de Gabinete do primeiro-ministro, Vítor Escária. O prefeito de Sines, Nuno Mascarenhas, integrante do Partido Socialista do qual Costa é secretário geral, também foi detido. Dois empresários também tiveram mandado de detenção decretado.