PROVAS

Cinco deputados assinam convocação de ministro da Educação por ''viés ideológico'' no ENEM

Entre os 26 parlamentares que cobram explicações de Camilo Santana, há filiados ao PP, Republicanos e MDB

Camilo Santana, ministro da Educação - Valter Campanato/Agência Brasil

Algumas questões do primeiro dia do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) não agradaram 26 deputados da oposição, que protocolaram ao menos 11 requerimentos de convocação, solicitando esclarecimentos do ministro da Educação, Camilo Santana.

No meio desta trincheira com o governo Lula (PT), cinco parlamentares que pertencem a partidos que integram a base se juntaram a este movimento: MDB, PP e Republicanos que, juntos, lideram cinco ministérios.

As solicitações de convocação abordam três questões sobre o agronegócio. A que gerou a maior reação trazia um texto sobre a realidade do Cerrado. De acordo com o extrato que foi retirado de uma revista, o conhecimento local na região estaria cada vez mais "subordinado à lógica do agronegócio".

"De um lado, o capital impõe os conhecimentos biotecnológicos, como um mecanismo de universalização de práticas agrícolas e de novas tecnologias e, de outro, o modelo capitalista subordina homens e mulheres à lógica do mercado", diz o trecho.

Neste contexto, os deputados querem esclarecimentos de Santana sobre as referências bibliográficas utilizados nas questões, além de uma possível "politização da prova" e "discriminação do setor agropecuário".

Em nota ao Globo, o Ministério da Educação afirmou que as questões do Enem são elaboradas por professores independentes e selecionadas por meio de edital de chamada pública para colaboradores do Banco Nacional de Itens (BNI). Os itens alvos de crítica passaram pelo fluxo estabelecido nas normativas do BNI.

Além de parlamentares de partidos adversários a Lula, Zucco (Republicanos-RS), Pedro Lupion (PP-PR), Evair Vieira de Melo (PP-ES), Messias Donato (Republicanos-ES) e Pezenti (MDB-SC) assinaram os documentos. Apesar de estarem em siglas da base, os cinco se identificam com a oposição e tem o costume de votar contra o governo.

No entanto, eles pertencem a partidos com cargos no primeiro escalão do governo. No caso do MDB, Renan Filho (Transportes), Simone Tebet (Planejamento) e Jader Filho (Cidades) lideram ministérios. Já o Republicanos tem Silvio Costa Filho em Portos e Aeroportos, enquanto o PP lidera Esportes com André Fufuca.

Entre os 21 deputados que integram a oposição, a maior parte (18) é do partido do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Novo (3) também tem integrantes entre os aderentes.

Veja lista de signatários:

Dep. Capitão Alberto Neto (PL/AM) Delegado Paulo Bilynskyj (PL/SP) Zucco (REPUBLIC/RS) Abilio Brunini (PL/MT) Nikolas Ferreira (PL/MG) Carla Zambelli (PL/SP) Sargento Gonçalves (PL/RN) Pedro Lupion (PP/PR) Adriana Ventura (NOVO/SP) Marcel van Hattem (NOVO/RS) Gilson Marques (NOVO/SC) Coronel Fernanda (PL/MT) Capitão Alden (PL/BA) Gustavo Gayer (PL/GO) Marcos Pollon (PL/MS) Evair Vieira de Melo (PP/ES) Daniela Reinehr (PL/SC) Messias Donato (REPUBLIC/ES) Pezenti (MDB/SC) Filipe Barros (PL/PR) Alberto Fraga (PL/DF) Rodolfo Nogueira (PL/MS) Julia Zanatta (PL/SC) Zé Trovão (PL/SC) Junio Amaral (PL/MG) Eduardo Bolsonaro (PL/SP)