Bolsonaro vai ao Congresso e escala dupla do PL para evitar a aprovação da Reforma Tributária
Senadores Carlos Portinho (RJ) e Marcos Rogério (RO) foram designados para convencerem bolsonaristas de outros partidos
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) iniciou uma ofensiva para tentar barrar a Reforma Tributária, que será votada nesta quarta-feira em primeiro turno no plenário do Senado. Em um jantar com toda a bancada do PL, na sede do partido, nesta terça, Bolsonaro designou os senadores Carlos Portinho (PL-RJ) e Marcos Rogério (RO) para que passem aos bolsonaristas de outras legendas a recomendação de votarem contra o texto. Nos adjetivos usados por Bolsonaro no encontro, segundo parlamentares presentes ao jantar, a Reforma Tributária é "extorsiva", no que diz respeito à tributação, e "comunista", por ser de interesse dos governistas.
O ex-presidente tenta reverter a tendência observada na Câmara, em junho, quando o PL deu 20 votos a favor e 75 contrários à Reforma Tributária — na ocasião, a divergência gerou uma briga entre os parlamentares em um grupo de Whatsapp. A articulação de Bolsonaro contra o texto não surtiu efeitos naquele momento.
De acordo com senadores ouvidos pelo Globo, a situação no Senado é diferente, já que toda a bancada está formalmente instruída a votar de forma contrária à Tributária. Na Câmara, o PL liberou os seus parlamentares para que votassem da maneira que achassem pertinente. A tentativa dos bolsonaristas, agora, é fazer com que os apoiadores filiados a outros partidos também troquem seus votos. O ex-presidente é esperado nesta terça na Câmara, onde se reunirá com representantes da Embaixada de Israel.
Na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), o texto recebeu o aval de 20 senadores e o posicionamento contrário de seis oposicionistas, todos ligados ao bolsonarismo. Entre eles, Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e os ex-ministros Sergio Moro (União Brasil-PR) e Rogério Marinho (PL-RN). Por outro lado, o também ex-ministro Ciro Nogueira (PP-PI) votou a favor.
A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) tem de ser aprovada por ao menos 49 dos 81 senadores, em dois turnos. Como o texto foi modificado, terá de passar por nova votação na Câmara dos Deputados para então ser promulgada. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-RJ), defendeu o fatiamento da PEC para que esse processo seja finalizado ainda neste ano.
O senador Magno Malta confirmou o encontro de senadores do PL. Apesar de não estar presente no jantar, ele confirmou que se posicionará para barrar o texto.
— Mesmo se Bolsonaro me pedisse pra votar a favor eu votaria contra — disse.