Bolsa exclui a Americanas do Novo Mercado, mas ações da varejista continuam no pregão
Administradores da varejista foram multados por infringir regras desse segmento que prevê elevada governança
A B3 anunciou a suspensão da Americanas do Novo Mercado, segmento da Bolsa onde são negociadas as ações de empresas com alto padrão de governança corporativa, por tempo indeterminado. A B3 também decidiu aplicar multas a integrantes da diretoria, do conselho de administração e do comitê de auditoria. Segundo a B3, a Americanas está descumprindo as normas desse segmento de listagem. A companhia e os administradores tem 15 dias para recorrer da decisão.
Com a decisão, as ações da empresa continuam a ser negociadas no pregão. Mas a varejista não pode utilizar o selo ou qualquer outro elemento do Novo Mercado. Caso a Americanas ou os administradores recorram, as punições são paralisadas até que a B3 aprecie cada recurso.
Esta é a primeira vez que a bolsa aplica a sanção de suspensão do Novo Mercado a uma companhia. A Americanas está em recuperação judicial depois que a companhia informou rombo contábil superior a R$ 20 bilhões.
A recuperação judicial suspende a execução de dívidas até a aprovação de um plano de reestruturação pelos credores. As dívidas da companhia (que tem entre seus principais acionistas três dos homens mais ricos do país: Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Herrmann Telles) são estimadas em mais de R$ 40 bilhões.
A B3 identificou indícios de que a companhia e os seus administradores não cumpriram requisitos exigidos pera obter o selo de negociação no Novo Mercado. Entre eles, está a falta de área de auditoria interna, política de gerenciamento de riscos e avaliação das informações trimestrais e demonstrações financeiras da companhia.
Para retornar ao segmento, a companhia precisa atender a essas exigências. Além da suspensão da companhia do Novo Mercado, cinco funcionários da empresa foram multados em R$ 395 mil cada um e outros 17 administradores em R$ 263,3 mil cada um.