ARTES VISUAIS

Oficina Francisco Brennand abre duas exposições inéditas neste sábado (11)

"CapiDançaBaribéNois", individual do artista carioca Ernesto Neto, e a coletiva "Invenção dos Reinos" estarão nos espaços Estádio e Accademia, respectivamente

O artista carioca Ernesto Neto lança sua exposição "CapiDançaBaribéNois" - Arthur Mota/Folha de Pernambuco

Amanhã (11), a Oficina Francisco Brennand, no bairro da Várzea, inaugura duas exposições inéditas: a coletiva “Invenção dos Reinos”, que promove diálogos entre obras de Francisco Brennand e as produções de mais de 30 artistas nordestinos; e “CapiDançaBaribéNós”, individual do artista carioca Ernesto Neto, que realizou ontem (9) o início do processo de ativação da obra, que foi dividida em três atos, ou “ritos”, partindo do Marco Zero, na região central do Recife, e seguindo até a Oficina, em trajeto feito pelo rio Capibaribe.

As exposições fazem parte de um novo momento da Oficina: pela primeira vez, a instituição vai expor obras de outros artistas, agora como parte do seu programa institucional.

“CapiDançaBaribéNois”
A obra de Ernesto Neto consiste numa escultura feita em crochê, com quase 50 metros de comprimento, uma espécie de “serpente” ou “dragão”, que ficará instalada no galpão do Estádio.
 
Com curadoria de Clarissa Diniz, a obra ficará em exposição no espaço durante oito meses, e foi pensada como uma “obra-rito”, em que uma série de ritualísticas envolve a sua ativação.

Ontem, aconteceu o “rito de travessia”: acompanhado de grupos de percussão, Ernesto Neto promoveu uma celebração no Marco Zero para, em seguida, partir com a obra, de barco, até a Oficina Francisco Brennand, seguindo pelo rio Capibaribe. O trajeto teve uma parada, no Parque Caiara, e depois seguiu até a Oficina, onde foi recebida também com a vibração e o axé dos grupos Maracatu Real da Várzea, Coco de Duas e grupo Rivus.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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Do rio viemos
“A vida é uma grande dança. Tudo que acontece, da hora que a gente acorda até a hora que a gente dorme, é uma grande dança”, diz Ernesto Neto sobre a ritualística que ele cria em torno de suas obras. “A gente está fazendo essa dança, do Marco Zero até a Oficina Brennand, carregando essa escultura, para que ela receba todo esse axé, toda essa força linda desse rio maravilhoso, de todos os povos que energia maravilhosa do rio”, conta. “Os rios são as nossas vidas, a gente vem dos rios, a gente precisa dos rios e os rios estão sujos por aí”, destaca o artista.

Hoje (10), acontece o “rito de montagem”, em que a escultura será instalada no espaço Estádio. A escultura será preenchida com 170 kg de folhas secas e será suspensa a oito metros de altura, com peças de cerâmica como contrapesos. Também serão incorporadas à instalação seis alfaias, quatro caixas e um gonguê.
E amanhã (11) será o “rito de abertura” da exposição: uma muda de árvore será plantada no “umbigo” da obra, enquanto a cantora Agda declama seus poemas. A celebração também contará com os grupos que estiveram no "rito de travessia".

Invenção dos Reinos
A outra exposição que será inaugurada neste sábado (11) é a coletiva “Invenção dos Reinos”, que tem curadoria de Marcelo Campos (curador-chefe do MAR – Museu de Arte do Rio) e de Ariana Nuala, gerente de Educação e Pesquisa da Oficina Francisco Brennand, e ficará instalada no espaço Accademia.

A exposição apresenta as convergências entre mais de 100 obras selecionadas de Francisco Brennand e os trabalhos de 30 artistas do Nordeste brasileiro. Uma referência na idealização da mostra é a Jurema, religiosidade de matriz indígena. Foi traçado um paralelo entre a crença e imagens presentes na obra de Brennand.