SAÚDE

Homem ou mulher? Jovem ou mais velho? Estudo mapeia perfil das pessoas mais viciadas no celular

Pesquisadores da Universidade de Toronto coletaram respostas de 50 mil pessoas com idades entre 18 e 90 anos de 195 países

Os pesquisadores acreditam que as mulheres tendem a usar mais seus telefones por motivos sociais, comunicação com amigos e familiares através das redes sociais - Divulgação

Quem é mais viciado em usar celular? Homem ou mulher? Jovens ou adultos? Pesquisadores da Universidade de Toronto realizaram um dos maiores estudos sobre o assunto. Eles coletaram respostas de mais de 50 mil pessoas com idades entre 18 e 90 anos de 195 países. Segundo eles, as mulheres obtiveram pontuações mais elevadas do que os homens no uso problemático de smartphones.

O resultado foi i inversamente proporcional à idade. Ou seja, quanto mais velho for o usuário, menor será a probabilidade de ele ter uso problemático do smartphone. Os dados também permitiram aos investigadores identificar padrões geográficos. As pontuações mais altas de vício no aparelho foram encontradas no Sudeste Asiático, enquanto as mais baixas foram na Europa.

Segundo o pós-doutorado da Universidade de Toronto, Jay Olson, e principal autor do estudo, acredita que o uso mais problemático entre as mulheres pode ter algo a ver com a forma como cada gênero geralmente usa seus smartphones.

“Os pesquisadores acham que as mulheres tendem a usar mais seus telefones por motivos sociais, comunicação com amigos e familiares através das redes sociais”, diz ele. Os tipos de uso relacionados à validação social (pense em “curtir” no Instagram) são “os tipos de uso que podem construir hábitos muito rapidamente”.

Segundo ele, os homens tendem a usar menos funções sociais, como postar selfies, acompanhar bate-papos em grupo, conectar-se com a família ou seguir influenciadores.

 

A pesquisa também leva em conta as diferenças culturais entre tantos países diferentes. Utilizando um índice de “aperto cultural” e “frouxidade cultural”, tenta analisar os dados através destas diversas normas sociais em todo o mundo. A distinção também pode ser feita examinando as culturas coletivistas, que priorizam as conexões de grupo, versus culturas individualistas.

A hipótese dos pesquisadores é que o rigor das normas sociais desempenha um papel no uso de smartphones. Numa cultura individualista, “não se espera que você ligue para sua família todos os dias”, diz Olson.

Outra questão é o tempo em que a internet está disponível em determinada região, por exemplo, a Europa, que registou as taxas mais baixas de utilização problemática, tem utilizado a Internet desde as décadas de 1980 e 1990. Enquanto o Sudeste Asiático, que registou as taxas mais elevadas de utilização problemática, teve uma adoção generalizada da Internet através de smartphones apenas nos últimos 15 anos.

Olson, porém, deixa claro que nem todo uso de celular é problemático e não se deve levar em conta apenas o tempo gasto com o aparelho.

"Um gerente de mídia social pode registrar oito horas de tela por dia, mas isso não tem necessariamente um efeito problemático em sua vida em comparação com alguém que usa o telefone por meia hora enquanto tenta dormir", explica.

Os pesquisadores agora planejam realizar uma versão de longo prazo da pesquisa para monitorar o uso de smartphones ao longo do tempo.