Faixa de Gaza

Lista de estrangeiros que deixarão Gaza nesta sexta tem 33 brasileiros e familiares

O chanceler Mauro Vieira e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se envolveram diretamente nas conversas com lideranças árabes da região e de Israel e Egito para pressionar pela saída do grupo

Brasileiros alojados em escola católica de Gaza - Divulgação

A lista de estrangeiros que deixarão a Faixa de Gaza nesta sexta-feira pela passagem de Rafah, na fronteira com o Egito, foi disponibilizada às autoridades estrangeiras com o nome de 33 brasileiros e familiares.

Ao todo, são 34 brasileiros e parentes próximos no local. Entretanto, não está na lista a avó de Shahed al-Banna, jovem de 18 anos autorizada a cruzar a fronteira e que viralizou nas redes sociais pleos vídeos gravados em meio ao conflito.

O Itamaraty tenta incluir o nome dela na lista.

Muitas negociações foram necessárias até a saída dos brasileiros de Gaza, nesta sexta-feira. Só na última quarta-feira, o primeiro grupo recebeu autorização para deixar o enclave palestino, desde o atentado do Hamas em 7 de outubro e do início dos bombardeios israelenses no território. Até então, apenas caminhões com ajuda humanitária haviam entrado em Gaza.

Até quarta-feira, nenhum brasileiro havia sido incluído nas seis listas de pessoas liberadas para cruzar para o Egito pela passagem de Rafah, frustrando as expectativas do governo, que vinha pressionando diariamente as autoridades israelenses pela liberação. Ao todo, são 24 brasileiros, 7 palestinos com residência no Brasil e 3 parentes próximos que esperavam na fronteira em Rafah. Antes, mais de mil brasileiros que estavam em Israel e na Cisjordânia já haviam sido repatriados.

Na quinta-feira, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, ligou para o chanceler de Israel, Eli Cohen. Após a conversa, o Itamaraty divulgou, em uma publicação no X (antigo Twitter) que o ministro israelense havia garantido que os brasileiros seriam incluídos na lista de estrangeiros autorizados a deixar Gaza que seria divulgada nesta sexta-feira. O telefonema foi o quarto contato entre os dois ministros para tratar do assunto.
 

As negociações envolveram também conversas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com os presidentes de Israel, Isaac Herzog; do Egito, Abdul Fatah Khalil Al-Sisi; e da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas.

Segundo interlocutores do governo brasileiro, havia um jogo de empurra entre israelenses e egípcios. No último fim de semana, por exemplo, a Embaixada de Israel em Brasília divulgou uma nota responsabilizando o Hamas pela demora na autorização.

O chanceler Mauro Vieira falou pelo menos cinco vezes sobre o assunto com o chanceler egípcio, Sameh Shoukry. Na última segunda-feira, Vieira conversou com o primeiro-ministro e ministro das Relações Exteriores do Qatar, Mohammed bin Abdulrahman Al-Thani; e o chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Antony Blinken.

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No último sábado, o assessor para assuntos internacionais da Presidência da República, Celso Amorim, falou com o conselheiro de segurança nacional dos Estados Unidos, Jake Sullivan. Ele fez um apelo para que os americanos ajudassem o Brasil a retirar seus cidadãos, que são em menor número que os dos EUA e da União Europeia. Além de Jake Sullivan, Amorim conversou com o primeiro-ministro da Noruega, Jonas Gahr Støre.

A passagem de Rafah, que liga o norte de Gaza ao Egito é administrada pelo governo egípcio, mas as movimentações de entrada e saída também passam por autorização israelense. O Hamas, de acordo com Israel, também tem participação na escolha.