Condenado

Quem é "Tio Patinhas", líder de facção criminosa casado com mulher que foi recebida em ministério

Clemilson dos Santos Farias foi condenado a 31 anos e 7 meses de prisão, em outubro deste ano, por tráfico de drogas e lavagem de dinheiro

Clemilson dos Santos, conhecido como "Tio Patinhas" - SSP-AM/Divulgação

Líder de uma facção criminosa no Amazonas, Clemilson dos Santos Farias, conhecido como Tio Patinhas, retornou ao noticiário nesta segunda-feira (13), após divulgadas reuniões de sua mulher com integrantes do governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

De acordo com reportagem do jornal "O Estado de S. Paulo", Luciane Barbosa Farias, mais conhecida como a "dama do tráfico amazonense", esteve no Ministério da Justiça em duas reuniões com um secretário do ministro Flávio Dino (PSB), em março deste ano, mas seu nome não foi registrado na agenda oficial.

O traficante, de 45 anos, foi condenado em outubro deste ano a 31 anos e 7 meses de prisão por associação ao tráfico de drogas, organização criminosa e lavagem de dinheiro. Ele chegou a ser considerado um dos criminosos mais procurados do Amazonas antes de ser preso, em dezembro de 2022.

À época, Clemilson que estava com um mandado de prisão em aberto e foi encontrado no bairro Braga Mendes, Zona Norte de Manaus (AM). De acordo com a PM, policiais da 30ª Companhia Interativa Comunitária (Cicom) chegaram ao paradeiro de Tio Patinhas após uma denúncia de que ele estava acompanhado de três homens armados na localidade.

Quando chegou ao bairro, a equipe encontrou o suspeito e constatou que ele usava uma identidade falsa. Os policiais acharam também 200 tabletes de droga, do tipo skunk, escondidos em um fundo falso de um veículo que seria do criminoso.

Tio Patinhas já havia sido detido em 2018. Na ocasião, Clemilson foi preso quando deixava o condomínio de luxo em que morava no bairro de Barra de Jangada, também em Manaus, após a expedição de um mandado de prisão preventiva pela Justiça do Amazonas.

Dentro de seu apartamento foram apreendidos equipamentos de informática e cadernos com anotações do comércio do tráfico no Amazonas. Ele foi solto em janeiro de 2022, 10 meses antes de ser novamente detido, após uma decisão da juíza do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM), Rosália Guimarães Sarmento.

A magistrada julgou a denúncia pelos crimes improcedente por fragilidade de provas. A sentença também pediu a restituição dos bens dele apreendidos.

Luciane é casada há 11 anos com Tio Patinhas. Apontada pelo Ministério Público do Estado do Amazonas (MPAM) como responsável por movimentar o dinheiro do criminoso, a "dama do tráfico" também foi condenada a dez anos de prisão, mas responde em liberdade.

Repercussão do caso
Com a divulgação, o nome da facção criminosa e o termo "Ministério da Justiça" chegaram aos assuntos mais comentados do X (antigo Twitter), e recebeu o repúdio de políticos como Nikolas Ferreira (PL-MG) e Sergio Moro (União Brasil-PR).

Em resposta, o ministro da Justiça Flávio Dino (PSB) afirmou que nunca recebeu líderes de facção em seu gabinete. "Nunca recebi, em audiência no Ministério da Justiça, líder de facção criminosa, ou esposa, ou parente, ou vizinho. De modo absurdo, simplesmente inventam a minha presença em uma audiência que não se realizou em meu gabinete. Sobre a audiência, em outro local, sem o meu conhecimento ou presença, vejam a história verdadeira no Twitter do Elias Vaz (secretário do ministério). Lendo lá, verificarão que não é o que estão dizendo por conta de vil politicagem", afirmou.

Secretário de Assuntos Legislativos no ministério, Elias Vaz informou que no dia 14 de março recebeu uma solicitação de audiência por parte da ex-deputada estadual Janira Rocha.

Dois dias depois, em 16 de março, Janira teria ido à pasta e levado Luciane como sua acompanhante. "Ela se limitou a falar sobre supostas irregularidades no sistema penitenciário. Repudio qualquer envolvimento abjeto e politiqueiro do meu nome com atividades criminosas", afirmou.