DECLARAÇÃO

Janja fala em ''política complexa'' após demissão de ministras

Em ato sobre igualdade de gênero, primeira-dama atacou a ''misoginia'' e o ''machismo''

Primeira-dama, Janja - Ricardo Stuckert/PR

A primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, tratou a demissão de ministras mulheres no governo Luiz Inácio Lula da Silva como algo "complexo". Em evento sobre igualdade de gênero, no Palácio do Planalto, ela criticou a misoginia, o machismo e a pouca representatividade feminina nos espaços de poder, mas fez uma ressalva ao mencionar, de forma indireta, o tema.

Desde que o governo aprofundou a relação como Centrão e decidiu fazer uma reforma ministerial para acomodar aliados, Lula demitiu Ana Moser da pasta de Esporte, Daniela Carneiro do Turismo, além de Rita Serrano da presidência Caixa. Todas foram substituídas por homens.

Sem citar o nome das demitidas, ela falou sobre as dificuldades do governo.

— A gente às vezes acha que está difícil, que poderia ter sido feito isso ou aquilo outro, mas a política é bem complexa, às vezes nos obriga a algumas coisas.

No Palácio do Planalto, Janja foi a anfitriã de evento realizada pelo Ministério das Mulheres. Também discursaram a ex-presidente do Chile Michelle Bachelet , a ex-presidente da Costa Rica Laura Chinchilla, a primeira-dama do Senegal, Marieme Sall, a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, deputada Benedita da Silva (PT-RJ), e Maiara Folly, co-fundadora da plataforma Cipó.

O objetivo do encontro era debater o plano das Nações Unidas para alcançar a equidade de gênero.

— No lugar que ocupo hoje, de primeira-dama, o machismo e a misoginia me atacam de todas as formas — disse Janja.

A primeira-dama falou ainda sobre a sua participação no G-20, onde estava para "aprender e se informar". Ela criticou a postura adotada na ocasião dos presidentes da Índia e dos Estados Unidos, Narendra Modi e Joe Biden. Eles repetiram a necessidade de "dar mais espaço" para as mulheres.

— Não, nós conseguimos conquistar (o espaço).

Apesar disso, Janja defendeu uma mudança na legislação eleitoral para reservar 50% das cadeiras para mulheres no Legislativo.