Faixa de Gaza

Brasileiros repatriados da Faixa de Gaza têm dia de vacina e promessa de assistência do governo Lula

No total, 32 pessoas foram repatriadas. Entre elas, 17 são crianças, nove mulheres e seis homens

Lula recebe o grupo de 32 pessoas resgatadas da Faixa de Gaza - Canal Gov/Reprodução

Sob um clima de esperança e alívio, o grupo de repatriados da Faixa de Gaza foi vacinado nesta terça-feira (14), em Brasília. Abrigados em um alojamento da Aeronáutica na Base Aérea de Brasília, os resgatados também estão recebendo cuidados médicos, apoio psicológico e documentação necessária para estadia no Brasil.

A imunização foi realizada na Base Aérea de Brasília durante a tarde por uma equipe do Ministério da Saúde (MS). O grupo recebeu as vacinas do calendário padrão MS.

— Estamos revisando todos os cartões de vacinas e vacinando quem precisa e está voluntariamente se colocando à vontade. Todos que estamos oferecendo vacina estão recebendo muito bem — disse Nilton Pereira Jr., diretor do Departamento de Atenção Hospitalar e Domiciliar e de Urgência do Ministério da Saúde.

Apesar do alívio, boa parte dos refugiados ainda está assustada. Crianças observavam as câmeras da imprensa com olhos atentos e curiosos.

Ao fundo da coletiva de imprensa, com sandálias no pé, um menino de cerca de 10 anos brincava com uma bola de futebol com um militar da FAB. A bola chegou a escapar e quicar entre as câmeras de filmagem.

No entanto, segundo o diretor do Ministério da Saúde, muitas crianças ainda apresentam sintomas de estresse e traumas relativos ao conflito que viveram na Faixa de Gaza.

— Todo avião que passa próximo gera um stress nas crianças — disse Nilton Pereira Jr.

No total, o grupo conta com 32 pessoas. Entre elas, 22 eram brasileiros, 7 palestinos naturalizados e três palestinos familiares próximos. Destes 32, 17 são crianças, nove mulheres e seis homens.

Sete crianças tiveram o quadro de saúde avaliado no hospital Força Aérea Brasileira (FAB). Informações preliminares repassadas à equipe do Ministério da Saúde indicavam que três crianças apresentavam quadros de desnutrição. Após avaliação, os quadros não foram confirmados.

O atendimento psicossocial e médico continuará sendo prestado pelo Ministério da Saúde pelos próximos 15 dias.

Grande parte das mulheres e meninas usavam hijabs, véus utilizados por islâmicos ou keffiyehs, lenço xadrez preto e branco usado no pescoço ou cabeça, símbolo associado à causa Palestina.

Além do atendimento médico, também foram produzidas as documentações necessárias para que a regularização migratória seja realizada e todos repatriados possam ter acesso a programas assistenciais do governo federal.

— Hoje foram emitidos 10 CPF’s para que as pessoas possam ser inseridas nos programas de assistência do governo federal — afirmou o Secretário Nacional de Justiça Augusto de Arruda Botelho.

O grupo permanecerá no alojamento da Aeronáutica até esta quarta-feira, quando seguirão para seu destino final no Brasil. Quatro pessoas permaneceram em Brasília, onde tinham família e já seguiram para casa do parente na madrugada desta terça-feira.

Entre o restante dos resgatados que chegaram ao Brasil:

Dos brasileiros e familiares que vão seguir para São Paulo, uma parte será encaminhada a um abrigo acostumado a receber refugiados, no interior do estado.

Recepção
Nesta segunda-feira os repatriados foram recepcionados pelo presidente Lula ao pousarem em Brasília. Com um semblante de alívio no rosto e várias bandeirinhas do Brasil na mão, os resgatados foram cumprimentados e aplaudidos por Lula e o restante das autoridades presentes ao descerem do avião.

No final da fila para sair da aeronave, duas crianças seguravam uma bandeira do Brasil. Na frente delas um homem erguia uma faixa da Palestina e gritava “Obrigado Brasil!”.

Ao lado da primeira-dama Janja da Silva e seis de seus ministros, Lula afirmou que a chegada dos repatriados era o "coroamento de trabalho muito sério que a gente deve a muita gente", elogiou os esforços de repatriação do Itamaraty e da Força Aérea Brasileira (FAB), e reforçou o tom crítico a Israel, que vem bombardeando Gaza desde que o grupo terrorista Hamas atacou seu território em 7 de outubro.

— Nunca vi uma violência tão brutal, tão desumana contra inocentes. Se o Hamas cometeu um ato de terrorismo, o Estado de Israel também está cometendo um ato de terrorismo — afirmou.