FUTEBOL

Diniz vai além de nomes e estatísticas para promover ruptura na Seleção Brasileira

Brasil encara a Colômbia com caras novas em penúltimo jogo oficial sob o comando do técnico interino

Diniz conversa com Bruno Guimarães, um de seus homens de confiança - CBF

A seleção brasileira volta a campo hoje, às 21h, em Barranquilla, contra a Colômbia, no que deve ser o penúltimo jogo oficial do técnico Fernando Diniz, cujo contrato se encerra no meio do ano que vem, após dois amistosos.

Até a metade do caminho, foram duas vitórias, um empate e uma derrota em quatro partidas, com a progressiva reformulação já prevista após a saída de Tite. A implementação de um novo trabalho gerou a esperada queda de rendimento.

Mais do que nos nomes, então, Diniz focou na ruptura de ideias, e não pesou o fato de que o Brasil pode ter o pior início de Eliminatórias da História. Para o treinador, as caras novas fazem parte do processo.

— Não dá para atribuir a melhora aos jogadores que vão entrar. A gente já faria correções em relação àquela partida (derrota por 2 a 0 para o Uruguai, em Montevidéu). A mudança que vai ocorrer é só por conta das alterações que a gente teve que fazer — afirmou o técnico, em referência às perdas dos medalhões Neymar, Casemiro e Danilo, por lesão. — Com a ausência deles, a gente tem que dar oportunidade para os outros, potencializar o time que vai jogar.

Com a base de Tite em campo, foram sete pontos em quatro jogos. A seleção igualou o pior desempenho desde que a fórmula de pontos corridos começou, para a Copa de 1994. Nas Eliminatórias para a Copa de 2018, com Dunga, o Brasil também começou com o mesmo retrospecto. Nos prováveis últimos dois jogos oficiais de Diniz nas Eliminatórias, ele precisaria de ao menos três pontos para não deixar a seleção com o pior desempenho em seis rodadas, que aconteceu em 2018 e 2010, ambos com Dunga, com nove pontos em 18 disputados. Na prática, porém, o técnico dá de ombros para os números. Até por que a melhor campanha do Brasil nas Eliminatórias não foi suficiente para a queda nas quartas no Catar, em 2022.
 

O que não quer dizer que para conseguir atingir um bom nível dentro de seus conceitos, Diniz deixará de buscar jogadores que correspondam melhor. O exemplo mais claro é Richarlison, que ficou fora da convocação pelo desempenho ruim nos primeiros jogos. A missão do treinador é conseguir virar a página e encontrar um novo rumo para a seleção em pouco tempo. A CBF deu carta branca para uma reformulação mesmo que internamente tudo esteja dentro do programado, que é esperar o técnico Carlo Ancelotti no meio de 2024 para completar o ciclo até a Copa de 2026. Ou seja, Diniz sabe que fará um trabalho pela metade.

Prazo apertado para mudanças
Se não vai colher o que plantar, o técnico campeão da Libertadores quer, ao menos, seguir a sua filosofia e entregar a página virada. Depois dos primeiros jogos em que a seleção apresentou dificuldade para assimilar as ideias, Diniz teve apenas dois treinos antes do embarque para Barranquilla, onde o Brasil encara a Colômbia. A base da escalação testada na terça-feira se manteve, com Raphinha, Rodrygo, Vinícius Junior e Martinelli no ataque. No meio, Bruno Guimarães segue como pilar e homem de confiança, agora ao lado de André, do Fluminense. Gabriel Jesus ficou no Rio em recuperação, de olho no jogo contra a Argentina, no próximo dia 21. E Endrick, a grande novidade da lista, deve ganhar alguns minutos nos jogos, sem pressão em relação a desempenho ou comparação com outras promessas.

—É baixar um pouco a expectativa. Ele não tem que ser um jogador pressionado. A gente não tem que ficar esperando tudo do Endrick com 17 anos. Eu vejo um potencial gigantesco. Pode no futuro se tornar um daqueles jogadores lendários do futebol brasileiro. Mas isso o tempo vai confirmar —afirmou Diniz, que evitou a busca de novas referências entre os jovens.

— A gente tem uma geração extremamente talentosa. Muitos podem assumir esse protagonismo. Mas é importante que a gente não coloque esse peso. Os jogadores têm que se sentir leves e fazer o seu melhor. Ninguém tem que se preocupar em assumir o papel do Neymar.