SAÚDE

Onda de calor: saiba como se prevenir de problemas causados pelo sol

Combinação de fatores, incluindo aproximação de frente fria, causa elevação na temperatura. Nesta quarta a sensação térmica chegou a 55,6ºC em Guaratiba

Calor - Frederic J. Brown/AFP

Sem refresco para os próximos dias, os cariocas e paulistanos continuarão carregando a sombrinha, a garrafa d’água congelada e o lenço para enxugar o suor. Segundo o Climatempo, o pico da onda de calor que “frita” Rio e São Paulo ainda não chegou.

Na capital fluminense, a maior temperatura deve ser alcançada no sábado, quando a máxima pode atingir 42 graus. Desde o início da semana, o Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (Cievs) do governo estadual enviou recomendações às 92 prefeituras para prevenir problemas de saúde durante a onda de calor. As recomendações universais são hidratação e protetor solar:

As recomendações do Cievs
Para bebês e crianças é preciso oferecer líquido com frequência. A água deve ser sempre filtrada ou fervida.

Outro grupo de risco são os idosos, pessoas doentes, especialmente cardíacos ou com pressão alta, acamados, com doenças crônicas (cardiovasculares, respiratórias, mentais, renais, diabetes, alcoolismo) e pessoas que tomam medicamentos de uso contínuo. Oferecer líquidos com frequência também é essencial, exceto se houver contraindicação médica;

Para quem trabalhar em áreas externas é recomendado usar roupas folgadas, de tecidos leves e claros. Usar um chapéu ou boné, e óculos escuros, de boa qualidade para não prejudicar os olhos. Também use sempre o filtro solar, e reaplique após algumas horas ou quando transpirar muito.

Atenção aos sintomas de que o calor está fazendo mal. Entre eles estão cãibras e o esgotamento pelo calor: sede, cansaço, dor de cabeça, suor, palidez, náuseas, vômitos, desmaio.
 

É preciso também perceber se está sofrendo de insolação: pele vermelha, quente e seca, sem suor, pulso rápido, dor de cabeça, tontura, confusão ou agressividade, temperatura do corpo elevada, perda de consciência e até convulsões.

Sensação térmica de 56,6ºC
Nesta quarta a sensação térmica chegou a 55,6ºC em Guaratiba, na Zona Oeste do Rio. O bairro, que esta semana registrou 58,5 ºC de sensação sofre influência de umidade da Baía de Sepetiba que amplia a sensação de calor. O bairro também registrou a maior temperatura desta quarta: 36,6ºC. Os dados são do Alerta Rio.

O meteorologista do Climatempo Guilherme Borges destaca que a onda de calor tem atingido outros municípios fluminenses, para além da capital. A cidade carioca segue entre as mais quentes, mas com pouca folga, como o que aconteceu nesta terça-feira.

— O Rio é uma das regiões mais quentes do país nos últimos dias. O recorde no estado nesse ano foi quebrado recentemente, no dia 12, ao chegar a 40,4 graus, na Vila Militar, na cidade do Rio. Ontem, na capital, em Seropédica, foi 41,3 graus; seguido pela cidade de Camboci (Noroeste Fluminense), com 40,5 graus; e Três Rios (Centro Fluminense), com 40,5 graus — diz o meteorologista.

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A tendência é de elevação da temperatura até domingo, quando há a expectativa da onda de calor ir embora. Até lá, a máxima de quinta-feira deve ser de 40 graus e a de sexta, 38 graus, segundo o Climatempo. Alguns fatores podem contribuir para a máxima ainda mais alta do que tem-se visto.

— O tempo segue instável na capital pela posição, que é próxima do mar. Quando a umidade se eleva, pode ter registro de pancadas de chuva no fim do dia, mas o calorão se mantém. No sábado tem um ingrediente que vai favorecer e pode chegar a 42 graus: a aproximação de uma frente fria. Quando chegam, empurram o ar mais quente e as temperaturas são potencializadas — destaca Guilherme Borges.

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Por usar os dados das estações do Inmet, os registros de temperaturas mínimas e máximas podem divergir das apresentadas pelo Alerta Rio, sistema da prefeitura da capital. Por isso, os dados do município apontam que o recorde do ano, até agora, foi em Irajá, no último domingo, de 42,5 graus, enquanto, na medição do órgão nacional, foi ontem. Ainda podem causar certa confusão os termômetros de rua e a sensação térmica, explica Borges:

— O que vemos é que 40 graus no Rio não é tão comum assim. As pessoas têm essa ideia por causa da sensação térmica. E ainda é visto no termômetro de rua, que fica nos aparelhos em materiais que não são adequados, e as temperaturas se elevam mais — aponta o meteorologista. — O cálculo da sensação térmica leva em consideração a umidade, os ventos, a temperatura e onde está posicionada a estação. Por exemplo, perto da baía, se atingida por ventos mais quentes, vai influenciar. Essa equação não é 100% unificada, existem variações. Diferentes centros utilizam diferentes equações.

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Na terça-feira, o Alerta Rio registrou sensação térmica de 58,5 graus em Guaratiba, na Zona Oeste do Rio, às 9h15. Segundo o órgão, é a maior medição desde que começou a operar, em 2014.

Chuva de granizo

A chuva de granizo que caiu em alguns bairros do Rio na última noite não são raras — e sim até esperadas — em períodos de temperaturas elevadas, porém, combinadas a outros fatores, como alta taxa de umidade. A formação de nuvens altas, de crescimento vertical, pode proporcionar a condenção da água, que dá origem ao granizo. A previsão do fenômeno, no entanto, não é possível de ser feita com antecedência, como acontece com o avanço de núcleos de chuva.