SÉRIE

Quem é Liliane Bettencourt, herdeira da L'Oreal, da série "A bilionária, o mordomo e o namorado"?

Série documental da Netflix mostra a história de um dos maiores escândalos judiciais da França

Liliane Bettencourt, herdeira da L'Oreal que protagonizou uma dos maiores escândalos da França - Divulgação

De pequena fornecedora de tintura de cabelos a maior fabricante de produtos de beleza, com uma fortuna avaliada em US$ 40 bilhões em 2017, a herdeira francesa do Grupo L'Oreal, Liliane Bettencourt, passou seus últimos anos envolvida em uma disputa judicial com a única filha, Françoise Bettencourt Meyers. Esse embate, que durou de 2007 a 2013, deu origem ao documentário "A Bilionária, o Mordomo e o Namorado", atualmente em cartaz no streaming.

Em 2008, Françoise foi à Justiça alegando que a mãe, na época com 86 anos, não estava em plena posse de sua saúde mental, algo que poderia prejudicar a organização de suas finanças. Segundo ela, a empresária estava sendo vítima de manipulação por pessoas próximas, especialmente pelo fotógrafo François-Marie Banier, que recebeu US$ 1 bilhão da herdeira sem motivo aparente.

Liliane conheceu Banier em 1987 durante uma sessão de fotografia para uma revista de luxo. Pouco depois, iniciaram uma relação. O fotógrafo era 25 anos mais novo e, segundo testemunhas, era abertamente homossexual.

Apelidado de "Caso Banier" pela imprensa francesa, o escândalo judicial foi o estopim para que outros embates ligados à fortuna de Liliane Bettencourt estourassem nos jornais.

O documentário explora como a disputa familiar movida por Françoise conquistou proporções gigantescas a ponto de envolver até mesmo o ex-presidente da França Nicolas Sarkozy, acusado na época de ter recebido propina de Bettencourt.

Gravações secretas de Liliane feitas por um antigo mordomo geraram investigações sobre possíveis violações de financiamento de campanha relacionada à eleição de Nicolas Sarkozy como presidente da França em 2007. A empresária negou as alegações. As autoridades do país retiraram as queixas contra Sarkozy em 2013.

Em 2011, um juiz francês atribuiu à filha da empresária e a dois netos a guarda dos interesses de Liliane.

Banier foi acusado de “abuso de situação de fraqueza” e condenado a três anos de prisão, cumpridos em liberdade. Segundo o site português NIT, atualmente, o fotógrafo, de 76 anos, continua a trabalhar em Paris.

Liliane Bettencourt morreu em 2017, aos 94 anos. Considerada a mulher mais rica do mundo, a empresária herdou o conglomerado de cosméticos em 1957, com o falecimento do pai, Eugene Schueller, fundador da empresa. Filha única, era a principal acionista da empresa, com 32,99% das ações do grupo.

Em 2017, a empresária foi declarada, pelo segundo ano consecutivo, a mulher mais rica do mundo, de acordo com a revista "Forbes".

No ranking geral, ela era a 14ª pessoa mais rica do planeta, com uma fortuna estimada em US$ 39,5 bilhões, originária da herança e da multinacional de cosméticos. De 2016 para 2017, ela acrescentou US$ 3,4 bilhões ao seu patrimônio.

Liliane era viúva do político francês André Bettencourt, com quem se casou em 1950. Morto em 2007, Bettencourt ocupou vários cargos em diferentes governos na França, trabalhando com presidentes como Charles de Gaulle e Georges Pompidou.

Juntos, a empresária e seu marido criaram, em 1987, a Fundação Bettencourt Schueller, dedicada a patrocínio nas áreas de investigação médica e a cultura humanitária.

Infância sem a mãe
E se morreu no posto de mulher mais rica da França, a infância da empresária foi bastante diferente. Ela tinha apenas cinco anos quando a mãe, Louise, morreu, deixando Liliane com o que ela chamava de “um buraco vazio que nada jamais poderia preencher”. A criação dela ficou a cargo de freiras dominicanas.

A herdeira da L’Oréal descreveu sua infância como dominada por um pai severo e workaholic que acordava todos os dias às 4h da madrugada. Quando completou 15 anos, Liliane foi mandada para uma das fábricas do pai para colar rótulos em garrafas de produtos da empresa.

Com a morte de Liliane, sua fortuna passou para a filha, que atualmente chefia a companhia de investimentos da família. Agora, Françoise substitui a mãe como a mulher mais rica do mundo.