ESTADOS UNIDOS

Vídeo mostra reação de secretário de Estado dos EUA quando Biden chama Xi de ditador

Pequim classificou declaração como 'extremamente incorreta e uma manipulação política irresponsável'; reunião entre os líderes teria sido 'a mais construtiva e produtiva' que eles tiveram

Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken reage à fala do presidente Joe Biden sobre o líder chinês, Xi Jinping - Reprodução/X

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse esta semana ainda acreditar que o colega chinês Xi Jinping era um "ditador". A fala lançou dúvidas sobre o que ambos os lados caracterizaram como sua reunião mais produtiva até o momento.

No final de sua entrevista coletiva na quarta-feira, o chefe da Casa Branca respondeu a uma pergunta de um jornalista americano e confirmou que mantinha um comentário, feito primeiramente em junho, chamando Xi de ditador.

 



Durante a fala do chefe da Casa Branca, uma reação em especial chamou a atenção da imprensa internacional: a de Antony Blinken. O secretário de Estado dos EUA aparentava nervosismo quando o jornalista fazia a pergunta. Imagens da CNN flagraram o momento em que ele recolhe os ombros e arqueia as sobrancelhas no exato momento em que Biden chama Xi de ditador.

O vídeo de Blinken viralizou nas redes sociais, e a imprensa internacional repercutiu a reação como um indício de que o secretário de Estado americano já temia as consequências da fala de Biden nas relações entre Estados Unidos e China.

A afirmação de que Xi era "ditador" foi denunciada em junho pelo Ministério das Relações Exteriores da China, que o chamou de "absurdo" e uma "provocação".

— Bem, veja, ele é — disse Biden. — Quero dizer, ele é um ditador no sentido que ele é o cara que dirige um país que é um país comunista baseado em uma forma de governo totalmente diferente da nossa.

 

A declaração pode prejudicar os ganhos obtidos durante quatro horas de conversas entre os dois líderes. Biden disse que os países haviam chegado a acordos importantes sobre o combate à distribuição de fentanil, retomando as comunicações militares em alto nível e estabelecendo um entendimento para que qualquer um dos líderes pudesse ligar diretamente para o outro para resolver qualquer falha de comunicação.

— Acredito que foram algumas das discussões mais construtivas e produtivas que já tivemos — disse Biden.

O Ministério das Relações Exteriores da China criticou Biden posteriormente, com o porta-voz Mao Ning dizendo em uma coletiva de imprensa regular nesta quinta-feira, em Pequim, que "essa declaração é extremamente incorreta e uma manipulação política irresponsável, e a China se opõe firmemente a ela".

Toque pessoal
Os assessores descreveram as conversas como calorosas e pessoais — em um dado momento, Biden teria aberto seu iPhone para mostrar algumas memórias a Xi.

“Você conhece este jovem?”, perguntou Biden ao líder chinês, de acordo com a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Hua Chunying, que publicou a troca de mensagens na rede social X (antigo Twitter).

— Ah, sim — respondeu Xi, de acordo com a postagem. "Isso foi há 38 anos."

Hua postou uma foto dos dois líderes sorrindo e parecendo relaxados na casa de campo ao sul de São Francisco, onde eles se encontraram. Outra imagem em sua postagem mostrava Xi em frente à ponte Golden Gate em 1985, em sua primeira viagem pública aos Estados Unidos.

Uma autoridade dos EUA disse que Xi também observou, em tom de brincadeira, que Biden, de 80 anos, faz aniversário na próxima semana, e disse que era um lembrete de que a celebração de sua própria mulher também estava se aproximando.

Ao se encontrarem pela manhã, Xi e Biden deram as mãos um ao outro em um gesto público caloroso que é raro para o líder chinês. Os dois homens foram filmados mais tarde passeando pelos jardins da propriedade onde foi realizada a cúpula.

Na entrevista coletiva, Biden elogiou Xi por ter sido franco em suas conversas, mas não chegou a dizer que confiava no líder chinês.

— Confie, mas desconfie, como diz o velho ditado, é neste ponto que eu estou — disse Biden.