CINEMA

Ridley Scott aborda complicada vida amorosa de Napoleão em meio à guerra

Napoleão Bonaparte (1769-1821) é uma das personalidades históricas mais abordadas por autores

"Napoleão" - Divulgação

O diretor Ridley Scott lança "Napoleão", o retrato cinematográfico de uma das figuras mais complexas da história, um homem que estava mais disposto a enviar milhões de pessoas para combates a ter que enfrentar suas paixões amorosas.

O ator americano Joaquin Phoenix interpreta o militar de origem mediterrânica que abalou as estruturas da Europa em pouco mais de três décadas, no início do século XIX, até sua derrota definitiva em Waterloo (1815).

A produção cinematográfica, que teve um orçamento de quase US$ 200 milhões (cerca de R$ 971 milhões na cotação atual), estreia no dia 23 de novembro na maioria dos países da América Latina.

Napoleão Bonaparte (1769-1821) é uma das personalidades históricas mais abordadas por autores, e Scott tenta resumir sua espetacular ascensão ao poder e sua queda retumbante em um filme com duas horas e 39 minutos de duração.

A trama tem início na decapitação da rainha Maria Antonieta, em Paris, no auge (e mais sangrento momento) da Revolução Francesa, e no encontro do protagonista com uma cortesã, Josephine de Beauharnais, mãe de dois filhos e viúva de uma das vítimas do terror revolucionário.

Este encontro marca a vida do ambicioso oficial, que segundo a tese do filme, baseado nas cartas de amor que Napoleão enviou durante anos a Josephine (interpretada pela atriz britânica Vanessa Kirby), nunca deixou de amá-la. Mesmo quando teve que se separar dela quando não conseguiu lhe dar um filho.

Cineasta multifacetado, Scott filma de forma eficaz as batalhas espetaculares, incluindo a desastrosa invasão da Rússia por Napoleão, alternando as cenas de combate com a peculiar relação amorosa do imperador com Josephine, na qual ela parece ter vantagem.

"Ditadura envolve sangue"

"É evidente que o homem fascinou o mundo, seja como líder, diplomata, guerreiro, político e, claro, como ditador. A ditadura envolve derramar sangue", disse o diretor à imprensa em Paris.

A figura de Napoleão já foi retratada inúmeras vezes no cinema.

Em 1927, o cineasta francês Abel Gance contou sobre o imperador em um filme que utilizava técnicas audiovisuais revolucionárias.

Marlon Branco também interpretou o estadista em "Désirée, o Amor de Napoleão" (1954).

Já Stanley Kubrick, porém, não conseguiu levar adiante seu projeto, que já estava com o roteiro pronto quando o diretor morreu, em 1999.

Scott mostra seu domínio do cinema, com centenas de figurantes estrelando batalhas espetaculares. Mas para as cenas íntimas entre Phoenix e Kirby, ele faz a arriscada aposta de deixar ambos livres para recriar este relacionamento singular.

A interpretação do casal da trama aparece como uma recriação moderna. Ambos atores reconheceram à imprensa em Paris que precisaram fazer pesquisas aprofundadas para confrontar seus respectivos personagens.

"Ele era muito desajeitado socialmente. Eu o vejo como um romântico com cérebro de matemático", analisou Phoenix.

Já para Kirby, "eles eram inexoravelmente atraídos um pelo outro, mas isso nunca me pareceu sensato, calmo e saudável; era obsessão, fascínio e dinâmica de poder que flutuavam", acrescentou.