Futebol

Conheça Cosme Campos, ex-Náutico e primeiro jogador brasileiro a ser pego no doping, há 50 anos

Mineiro de Pedro Leopoldo até hoje reforça que a substância proibida veio de um remédio para dor muscular

Campos é o terceiro, da esquerda para a direita - Reprodução/Internet

Cosme Campos entrou para a história do futebol brasileiro. Aos 19 anos, foi campeão nacional com o Atlético-MG, em 1971. Na temporada seguinte, veio a vice-artilharia do Brasileirão. Vestiu a camisa da Seleção em uma Copa América. Em Pernambuco, passou pelo Náutico. Fala com orgulho de todos esses momentos. Se alguém for pesquisar o nome do ex-jogador, porém, esses feitos, infelizmente, estarão ao lado de um momento que não traz alegrias ao mineiro de Pedro Leopoldo. Um trauma que ninguém antes no Brasil tinha vivido. O ex-atleta foi o primeiro caso de doping da modalidade no País.

No mesmo Maracanã que, quatro anos antes, Pelé marcava o milésimo gol, pelo Santos, Campos também fez bonito. Assim como o Rei do Futebol, ainda que em uma proporção menor, ele brilhou em um duelo diante do Vasco. Marcou dois gols na vitória do Atlético-MG por 2x1, pelo Brasileiro de 1973, no dia 18 de novembro.

Era para ser uma lembrança agradável, mas, em conversa com a Folha de Pernambuco, o ex-jogador não escondeu no tom de voz que reviver esse dia não é fácil. “Duas semanas antes, no Maracanã, também contra o Vasco, eu tomei uma joelhada na boca e quebrei meus dentes, além de machucar o maxilar. Fiz uns exames e o médico me passou um medicamento para a dor. Quando fui fazer o antidoping, identificaram uma substância proibida. Nunca usei algo errado, mas na época eu não tinha empresário, suporte para me auxiliar. Nem o Galo ajudou na defesa e acabei sendo punido”, afirmou.

Campos foi pego no exame antidoping por conta da substância Efedrina (estimulante adrenérgico utilizado para combater a hipotensão e ajudar na perda de peso) na urina. Sem uma "contraprova" para rebater a acusação, além de falta de dados explicando que a substância teria vindo de um medicamento para dor muscular, Campos foi julgado e punido com seis meses de suspensão.
"Se eu tivesse feito algo, assumiria. Mas não fiz. Fiquei muito mal porque isso também prejudicou minha carreira na Seleção. Eu ainda cheguei a jogar na Copa América de 1975, depois de todo esse caso, mas perdi a chance de disputar a Copa do Mundo de 1974", lamentou.

Para o saudosismo ser algo que traga conforto e não dor, Campos faz uma ponderação, com uma lembrança especial sobre Pernambuco. “Tenho boas lembranças do Náutico. Joguei de 1977 a 1979 lá. Uma das camisas mais bonitas do futebol brasileiro. Inclusive, foi no Recife que me casei pela última vez. Gosto da cidade. É a Veneza brasileira, né? Também tenho vontade de revisitar os Aflitos", contou. Além do Timbu, o ex-atacante também jogou no Nordeste pelo Ceará, além de se destacar em equipes como Guarani e Nacional-AM.



História do doping

O primeiro caso de doping relatado oficialmente aconteceu em 1886, quando um ciclista inglês morreu de overdose após uma corrida em Paris, na França. Décadas depois, em 1967, o Comitê Olímpico Internacional (COI) formou uma comissão para classificação, controle e proibição das substâncias utilizadas. No ano seguinte, em 1968, nos Jogos Olímpicos que ocorreram no México, o exame antidoping passou a ser obrigatório.

A prática do doping no esporte é fiscalizada pela World Anti-Doping Agency - WADA (agência mundial antidoping, em tradução livre). O órgão proíbe substâncias com potencial de melhorar o desempenho esportivo e ameaçar a saúde do atleta. As punições podem variar entre suspensão da prática esportiva e revisão de resultados em competições.