Sai o expresso e entra o "smothie": com o calor, bebidas geladas são preferência nas cafeterias
Estabelecimentos antecipam cardápio do verão
Não importa se o termômetro marca 42º C na rua, a advogada Daniela Lima, de 43 anos, não abre mão do seu expresso — quente mesmo. O hábito surgiu no início da carreira, quando ela fazia reuniões na cafeteria do Fórum de Justiça. Hoje em dia, o cafezinho é uma desculpa para ter um respiro em meio à rotina corrida. Mas nem todo mundo faz o mesmo. O calorão em plena primavera tem feito o movimento cair em algumas cafeterias e levado alguns clientes a trocarem a bebida.
No Rio de Janeiro, por volta das 14h desta quinta-feira, a Kopenhagen da Cidade Nova estava completamente vazia. Localizada em um polo gastronômico perto de um centro empresarial, a loja costumava ficar cheia de gente em busca de uma xícara de café após o almoço.
A Nusa Cafeteria do Leblon também registrou queda das vendas, com frequentadores preferindo ficar apenas nas mesas da área interna por conta do calor.
Na unidade de Ipanema, o movimento não caiu. Os pedidos, porém, mudaram: as bebidas quentes dão espaço agora a vitaminas refrescantes e ao chá mate com espuma de gengibre.
A comunicóloga Júlia Mendonça, de 29 anos, por exemplo, resolveu trocar o cafezinho por um smothie de blueberry, banana e amora.
Para agradar os clientes que buscam frescor, a proprietária Renata Simão de Oliveira, de 36 anos, tenta antecipar o cardápio especial de verão para o fim de novembro. Vão estar disponíveis nesse menu sazonal novas saladas e um ice latte de pistache, por exemplo.
— A quantidade de pedidos de smothies aumentou cerca de 30% no último mês — estima Renata.
A busca por opções geladas também cresceu no DarkCoffee, no Centro do Rio, tanto que o estabelecimento teve que reforçar a compra de sorvete, usado como ingrediente em affogatos e milkshakes.
O gerente Berg Leal, de 39 anos, avalia que a venda de bebidas geladas teve alta de 40% desde o início da mais recente onda de calor:
— Eu peço sorvete toda quinta-feira. Na última semana, a quantidade só foi suficiente para trabalharmos até domingo. Segunda, o fornecedor teve que trazer a mesma quantidade, e eu já deixei um novo pedido encomendado.
Com o ar-condicionado na potência máxima, a cafeteria acaba sendo procurada tanto por quem precisa trabalhar de modo remoto, quanto por turistas que visitam o Museu do Amanhã e o Museu do Rio.
O principal atrativo, no entanto, segundo Leal, é a apresentação dos produtos. De uma torta arco-íris a um café passado na mesa com o método siphon (no qual a água ferve em um globo de vidro e alcança o pó na parte superior), tudo é instagramável.
— A gente sabe que café se toma em casa, então o que vendemos é a experiência — diz o gerente do DarkCoffee.
No Arp Bar, que serve café da manhã completo entre 7h e 12h, o calor não espanta a clientela. Pelo contrário, na alta temporada o movimento é mais forte do que no resto do ano. O motivo é que o restaurante fica localizado em frente à praia do Arpoador.
Nesse período, porém, a chef Alejandra Maidana, de 36 anos, avalia que as comidas e bebidas refrescantes são mais solicitadas, com destaque para a torta ópera, feita com café, pão de ló, chocolate e servida gelada, e para o cold brew, método de extração do café a frio.
— Antes, tínhamos em torno de 10 pedidos de cold brew por dia. Agora já são mais de 45. Mas, considerando todas as opções, tivemos aumento de 15% nos pedidos de bebidas geladas — calcula Alejandra.
E acrescenta:
— O visual do café gelado também é atraente. Quando passam dois na bandeja, é quase certo que outros clientes do restaurante que vejam também vão pedir depois. Faz muito sucesso aqui.