Sudão põe fim "imediato" a missão política da ONU
Segundo a versão em inglês, a UNMIS "já não responde às necessidades e prioridades" do país
O Sudão anunciou ao secretário-geral da ONU o fim “imediato” da missão política das Nações Unidas no país em guerra, segundo uma carta que circulou nesta quinta-feira (17) pela noite no Conselho de Segurança da organização internacional.
Na carta oficial em árabe datada de 16 de novembro - coberta por uma carta em inglês do embaixador do Sudão na ONU, Al Harith Idriss Al Harith -, o ministro das Relações Exteriores, Ali Elsadig Ali, informa a António Guterres "a decisão do governo sudanês de encerrar com efeito imediato a Missão Integrada de Assistência à Transição das Nações Unidas no Sudão (UNMIS)", que emprega centenas de civis desde 2020.
Segundo a versão em inglês, a UNMIS “já não responde às necessidades e prioridades” do país. Não obstante, Cartum "seguirá trabalhando de forma construtiva com as Nações Unidas".
Em sua intervenção no Conselho de Segurança nesta quinta-feira pela tarde, a secretária-geral adjunta da ONU para a África, Martha Ama Akyaa Pobee, denunciou a propagação do conflito no Sudão para outras regiões do país, que já conta com o maior número de deslocados do mundo.
Após quase sete meses de conflito entre o Exército Sudanês, dirigido pelo general Abdel Fattah al Burhane, e as paramilitares Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês), dirigidas pelo general Mohamed Hamdane Daglo, "quase 25 milhões de pessoas envolvidas em ajuda humanitária no Sudão", declarou nesta segunda o chefe de operações humanitárias da ONU, Martin Griffiths.
Iniciada em 15 de abril, a guerra entre o Exército e os paramilitares já deixou mais de 10.000 mortos, segundo uma estimativa da ONG Armed Conflict Location & Event Data Project (Acled), que, em geral, é um número considerado subestimado.