Venezuela

Opositor pede suspensão de referendo na Venezuela sobre disputa com Guiana

A Venezuela convocou um referendo para 3 de dezembro no qual os venezuelanos serão questionados se apoiam a criação de uma nova província

A disputa territorial existe desde antes da independência da Guiana em 1966 - Federico Parra/AFP

A liberal venezuelana María Corina Machado, escolhida candidata da oposição para as eleições presidenciais de 2024 apesar de sua inabilitação, pediu, nesta quarta-feira (22), a suspensão de um referendo sobre a disputa territorial que a Venezuela mantém com a Guiana.

“A soberania se exerce, não se consulta”, disse Machado em uma declaração difundida em suas redes sociais sobre a consulta pautada para 3 de dezembro.

“O referendo sobre o Essequibo deve ser suspenso”, acrescentou o opositor, que detalha o mecanismo como uma “distração” em meio ao clima político, econômico e social venezuelano antes das eleições presidenciais de 2024.

A Venezuela convocou um referendo para 3 de dezembro no qual os venezuelanos serão questionados se apoiam a criação de uma nova província chamada "Guayana Esequiba" neste território de 160.000 km² com vastos recursos naturais, assim como a nacionalidade a seus 125.000 habitantes.

“É um erro que não apenas não traz nada para a defesa de nosso território, mas que também pode nos prejudicar em nossa defesa na Corte Internacional de Justiça” (CIJ), mencionado.

A disputa territorial existe desde antes da independência da Guiana em 1966, mas foi aumentada em 2015 com a descoberta de campos de petróleo por parte da companhia americana ExxonMobil.

A Guiana recorre a um laudo arbitral de 1899, em Paris, no qual foram questões as fronteiras atuais, enquanto a Venezuela reivindica o Acordo de Genebra, firmado em 1966 com o Reino Unido antes da independência guianesa, no qual foi anulado o laudo arbitral e se estabeleceram bases para uma solução negociada.

A consulta é repudiada por Georgetown que pede que o conflito seja resolvido na CIJ, instância rechaçada pela Venezuela que, em troca, apela à negociação.

"Todos nós venezuelanos sabemos que o Essequibo é nosso", disse, ao indicar que o Estado deve se preparar para apresentar diante da instância máxima uma "contra-memória inobjetável que demonstra os direitos da Venezuela" sobre o Essequibo, que atualmente é administrado pela Guiana.

Machado foi escolhido como candidato da oposição para enfrentar o mandatário socialista Nicolás Maduro nas presidenciais de 2024, mas sua participação é em dúvida, pois pesa sobre ela uma inabilitação política de 15 anos que a impedirá de inscrever sua candidatura.

Um dirigente visitou a área em 2013, quando era deputado do Parlamento, e junto de outros opositores aparece em uma foto abrangente um cartaz que dizia: "O Essequibo é nosso."