Alho é riquíssimo em iodo, fósforo, potássio e vitaminas B6
Famoso por dar um hálito ruim, o alho regula os níveis de açúcar no sangue e é responsável pelo crescimento e reparação dos tecidos do corpo
São muitas as discrepâncias que giram em torno desse alimento e, mais ainda, dúvidas sobre como e quando comê-lo. O alho reúne grandes fãs, mas também um número considerável de pessoas que não gostam dele. É uma erva milenar cujos primeiros usos foram destinados à prevenção e tratamento de doenças. Hoje é usado como tempero de comida.
Este produto, cujo nome científico é Allium Satiyum, faz parte da família das liliáceas juntamente com a cebola e o alho-poró, que se distinguem pelos aromas e sabores intensos.
Um relatório do National Institutes of Health (NIH), dos EUA, revela que ao longo dos anos, o alho tem sido utilizado pelas sociedades para fins medicinais: como antibiótico para tratar doenças que causaram epidemias, como cólera ou gripe, mas também para manter os guerreiros saudáveis e fortalecer, curar e limpar feridas. “Era até considerado um objeto supersticioso, pois se acreditava que pendurá-lo no pescoço ou colocá-lo nas casas, por exemplo, nas janelas ou portas, era uma forma de afastar o azar”, relata o documento.
— O consumo de alho em doses e quantidades justas proporciona ao corpo benefícios infinitos — diz Analía Yamaguchi, médica clínica especializada em nutrição do Hospital Italiano de Buenos Aires, na Argentina.
Quais são os benefícios de consumir alho?
Segundo a nutricionista Estela Mazzei, o alho tem excelentes propriedades:
— É fonte de carboidratos frutanos, que atuam como fibra na microbiota intestinal e servem como prebióticos para bactérias intestinais. É rico em minerais, como iodo, fósforo, potássio e manganês, e vitaminas B6 e C, que regulam os níveis de açúcar no sangue e são responsáveis pelo crescimento e reparação dos tecidos de todo o corpo.
Por sua vez, Yamaguchi comenta que, graças ao aporte do selênio, componente antioxidante e anti-inflamatório, o alho tem efeitos antibacterianos, antifúngicos e antivirais. Porém, ela ressalta que para realmente ver seus efeitos é preciso manter uma alimentação saudável e balanceada, pois se “você comer um extrato de alho, mas depois não se alimentar adequadamente, as vantagens serão nulas”.
Flavonóides, pigmentos naturais que protegem o corpo dos danos oxidativos, também estão presentes no alho. Portanto, pode haver resultados positivos nos fatores de risco cardiovasculares porque contribui para reduzir a hiperlipidemia, a hipertensão e previne a formação de trombos, destaca Mazzei.
Dados da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, apontam que estudos realizados em animais mostraram que seu consumo contribui para reduzir o risco de sofrer de câncer, principalmente de estômago, cólon e esôfago, já que seus nutrientes atuam nas células do corpo e previnem o desenvolvimento de tumores.
Por sua vez, a instituição estimou que o alho favorece a redução da pressão arterial, do colesterol ruim (LDL), portanto, diminui o risco de sofrer de doenças cardíacas. E, embora no momento o motivo seja desconhecido, o consumo de alho também tem sido associado ao tratamento de enxaquecas e de todo tipo de doenças e infecções. “O alho e seus componentes protegem os tecidos da oxidação, melhorando assim o funcionamento dos órgãos, pelo menos em vários animais”, acrescentaram os cientistas.
— No entanto, ainda não há conclusões exatas porque até o momento não foi testado em humanos — afirma a nutricionista.
Como o alho é consumido?
Consome-se o bulbo ou cabeça de alho, que é composto por vários dentes. Para Mazzei, pode ser usado como condimento em diversas preparações e inclui sopas, molhos, ensopados e saladas. Porém, Yamaguchi explica que consumi-lo cru trará maiores benefícios, pois “quando cozido perde algumas propriedades”.
Quanto à quantidade, os especialistas consultados destacam que não existe uma dose exata que deva ser coberta por dia, embora “não deva ultrapassar quatro gramas”, ressalta Yamaguchi. O excesso de alho pode causar problemas colaterais como, problemas estomacais como gastrite, azia e náusea, dor de cabeça ou pressão baixa, explica a médica.
Nessa linha, Mazzei afirma que seu consumo deve ser limitado a pessoas que têm intolerância aos frutanos (polissacarídeos da frutose) porque pode causar inflamação, dor abdominal e flatulência. O mesmo vale para àqueles com disfunções gástricas, como quem sofre de refluxo ou síndrome do intestino irritável.
A melhor forma de armazenar o alho é em temperatura ambiente, em recipiente aberto e longe da luz solar.
Embora seja um alimento que gera discrepâncias pelo seu aroma e sabor particulares, a verdade é que fornece nutrientes de excelente qualidade para cuidar e melhorar as funções do organismo. Porém, Mazzei alerta sobre os cuidados que devem ser tomados em relação ao seu consumo, pois “o mesmo nutriente pode ter impactos diferentes nas pessoas”.
— Não existem nutrientes mágicos. Tudo depende da saúde individual e do estilo de vida de cada pessoa — finaliza Mazzei.